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sábado, 3 de dezembro de 2016

UMA CRISE AGRAVADA NA MADRUGADA


   Considerada a forma como o pacote anticorrupção foi votado na Câmara dos Deputados, na madrugada da última quarta-feira (30/11), é possível prever que a crise política que atinge o País está mais grave a cada dia. O projeto,  de iniciativa do Ministério Público Federal (MPF), batizado de Dez Medidas Contra a Corrupção, teve dois milhões de signatários, um número importantíssimo, retrato do desejo do brasileiro por mudanças que realmente tragam impacto na diminuição da corrupção, mal que adoece o sistema político, a economia do País e a autoestima do cidadão. O fim da corrupção sistêmica, essa realidade que o Brasil conhece tão bem, só vai acontecer com leis mais rígidas que tenham como objetivo combater a impunidade. A Operação Lava Jato segue para o seu terceiro ano e a lista de políticos e agentes públicos envolvidos nas investigações só cresce. A decisão da Câmara de apresentar medidas que descaracterizaram o pacote das Dez Medidas detonou uma crise muito forte entre Legislativo e Judiciário e provou a reação popular: é grande o número de manifestações marcadas para este domingo, em todo o Brasil, contra os remendos dos Deputados, costurados enquanto a maioria da população dormia. Reportagem da Folha ouve, neste fim de semana, parlamentares que votaram a favor das mudanças, assim como o representante da Associação Paranaense do Ministério Público. A maneira como a votação na Câmara foi conduzida passa a ideia que houve uma tentativa de blindagem por parte dos políticos contra as investigações da Lava Jato. As emendas propostas pelos deputados precisam ser discutidas e analisadas com responsabilidade. Os poderes devem exercer suas funções pensando no bem do Brasil e não em corporativismo. Uma “guerra”, agora, entre o Judiciário e o Legislativo não ajudará o Brasil a resolver o problema da corrupção e nem a crise econômica. (OPINIÃO, página 2, 3 e 4 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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