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sábado, 3 de dezembro de 2016

A DONA GALINHEIRA


   Quando vejo uma saia colorida, uma grama verde e um dia de sol, me vem à lembrança um monte de galinhas coloridas e uma casinha no meio do verde. 
   Era a casa de dona Galinheira, ou como eu a conhecia. Adora ir lá quando precisávamos comprar ovos ou frangos. Ficava no final de uma rua, com muita grama, às vezes crescida, na qual passávamos pulando naquele tapete macio. Quando chegávamos lá, ela aparecia sempre com um sorriso, aquelas saia compridas e exageradamente coloridas, o lenço também colorido na cabeça; era morena, alta, e o resto... eu não me lembro porque minha atenção se voltava, ora para as saias, ora para as galinhas no terreiro. 
   Que paraíso aquele mundaréu de aves com penas coloridas, carijós, pescoço pelado, índias, d’angola... e os franguinhos... e os pintinhos, então! Sem contar os galos imponentes e os garnisés. 
   Íamos colher os ovos que também chamavam a atenção: uns pequeninos, uns vermelhos, ovos azuis, de duas gemas. Depois era correr atrás dos frangos para pegá-los e nisso eu tinha muita prática. 
   Voltávamos segurando o frango pelos pés, a sacola de ovos balançando prá lá e pra cá, correndo o risco de chegar em casa no estado de omelete. 
   Caminhávamos felizes com as compras, como hoje as mulheres voltam dos Shoppings!
   Eu olhava mais uma vez para a Galinheira e suas saias, uma admirável e festiva obra de arte que saía daquele ranchinho e parecia trazer lá de dentro um mundo de alegria! Não sei como era possível caber, só sei que se completava ao som da galinhada no terreiro e nos contagiava intensamente. 
   Não me lembro do rosto, nem do nome da Galinheira mas, a casinha, as saias coloridas e as galinhas estão gravadas no coração com uma tinta que não se apaga com o tempo. (ESTELA MARIA FREDERICO FERREIRA, leitora da FOLHA, página 2, caderno FOLHA RURAL, coluna DEDO DE PROSA, sábado, 3 e 4 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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