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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

RESPIRANDO NOVOS ARES

   Mal insuficientemente combatido pelo poder público há muitos anos, a poluição ambiental não pode ser encarada como um problema menor entre tantos outros causados pela ação de nós, humanos. Os dados são da Organização Nacional de Saúde: cerca de três milhões de pessoas morrem por ano por causas relacionadas à exposição do ar em ambientes abertos. E não é só. Em 2012, segundo a OMS, estimou-se que cerca de 6,5 milhões de mortes (11,6% das mortes em nível global) estavam associadas à poluição do ar em ambientes abertos e fechados. A esmagadora maioria dos óbitos (90%), e isso não surpreende, ocorre em países de baixa e média renda, sendo que duas em cada três acontecem no Sudoeste asiático e no Pacífico Ocidental. Noventa e quatro por centos das mortes são causadas por doenças não transmissíveis – particularmente doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, doenças pulmonares obstrutivas crônicas e cânceres de pulmão. A industrialização desregrada é um dos fatores que ajudam a explicar por que tantos morrem à custa de um processo desmedido. Mas há algo maior no ar. A OMS aponta outras fontes de poluição igualmente importantes, como modelos ineficientes de transporte, combustível doméstico e queima de resíduos, além de usinas de energia movidas a carvão. É por essas e outras que a preservação ambiental não pode mais ser encarada como uma bandeira exclusiva de organizações do terceiro setor ligadas ao tema. Qualquer gestão pública séria deve tratá-la como política de governo. E Londrina não pode perder esse bonde. A cidade das áreas verdes em abundância vive um paradoxo constante de ainda não saber como preservá-las da melhor forma. Estão aí os fundos de vale e o Lago Igapó para nos lembrar que a beleza e a falta de cuidado caminham juntas em alguns de nossos cartões-postais. A instalação de uma estão fixa de monitoramento da qualidade do ar em nosso município, implantada na sede do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) há dois meses, deve ser comemorada desde que os equipamentos não se tornem obsoletos. Eles devem servir para promover os avanços que a comunidade espera nas políticas públicas de promoção do bem-estar ambienta. Londrina merece respirar novos ares. (OPINIÃO, página 2, quinta-feira, 29 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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