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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

PROFISSIONAIS QUALIFICADOS E A LEI DE COTAS

   Criada há 25 anos com objetivo de garantir a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, a Lei de Cotas (nº 8.213/91 ainda gera polêmica e encontra entraves no seu cumprimento. Conforme a legislação, empresas com mais de 100 funcionários devem reservar vagas para pessoas com deficiência. Do total da população brasileira, 6,2% possui algum tipo de deficiência, seja física, intelectual, auditiva ou visual, segundo o IBGE e o Ministério da Saúde. Números oficiais do Ministério do Trabalho mostram que ao menos 827 mil postos de trabalho deveriam estar à disposição dos mais de 7 milhões de cidadãos que se enquadram nas exigências da legislação. Porém, a quantidade de vagas criadas é bem menor: 381.322. Além do não cumprimento da lei por parte das empresas, uma outra questão chama a atenção: profissionais com deficiências mais qualificados acabam abrindo mão da reserva de vagas para garantir uma melhor colocação. 
   Pesquisa recente realizada por empresa de consultoria de São Paulo – entre profissionais com deficiência e alto nível de qualificação – aponta que 78% dos entrevistados afirmam não mencionar a deficiência no currículo e, mesmo durante o processo seletivo, 40% só informaram a deficiência quando questionados. O resultado é que 39% dos entrevistados ocupam vagas não destinadas às cotas. 
   A principal justificativa deste público é que a maioria das empresas ainda oferece posições muito operacionais e raramente posições seniores para pessoas com deficiência. De fato, conforme especialista de RH, muitos empregadores ainda não consideram a disponibilidade de alta qualificação entre as pessoas com deficiência. O que é um equívoco, já que boa porcentagem tem ensino superior e qualificação suficiente para ocupar cargos de nível elevado. O que se constata é que há constatações equivocadas de ambas as partes e é preciso estabelecer uma “ponte” entre elas. Abrir a discussão para a sociedade parece ser um bom caminho para aumentar a informação e diminuir o preconceito a respeito das pessoas com deficiência. (OPINIÃO, página 2, terça-feira, 20 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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