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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

NUTRIÇÃO E EXERCÍCIOS SÃO CRUCIAIS PARA DIABÉTICOS


   No Dia Mundial do Diabetes , FOLHA alerta para cuidados alimentares e físicos, indicados por profissionais de saúde.
   Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado há poucos meses revelou que o diabetes mata 72 mil pessoas por ano no Brasil. Graças ao excesso de peso e à inatividade física. A prevalência do diabetes vem crescendo muito na população e já atinge 16 milhões de brasileiros adultos. 
   Ajustar os hábitos alimentares e exercitar-se regularmente são atitudes fundamentais para a rotina dessas pessoas. Mas, apesar dos muitos cuidados, a doença hoje permite que o diabético viva com qualidade de vida. Basta se cercar da orientação adequada. Neste sentido, a FOLHA traz na edição desta segunda-feira (14), Dia Mundial do Diabetes, dicas de profissionais da saúde que participaram, na semana passada, do 6º Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício (Conbramene), no Aurora Shopping, em Londrina. 
   Quando não tratado adequadamente, o diabetes pode causar infarto, derrame cerebral, insuficiência renal, problemas visuais e lesões de difícil cicatrização, dentre outras complicações. A alimentação adequada e a atividade física regular são pontos-chave no tratamento da doença. Tanto uma quanto a outra ajudam a reduzir os altos índices glicêmicos característicos da doença. “O exercício físico é hipoglicemiante, ou seja, reduz a concentração de glicose no sangue, seja no diabético ou no não diabético”, afirma o doutor em Educação Física e pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ademar Avelar. Mas para diabéticos que tomam insulina, esse efeito é uma faca de dois gumes: “Se você combina duas ferramentas que vão diminuir a glicemia, que são o exercício e a insulina, você pode ter uma reação muito grave. A pessoa pode entrar em coma”, alerta. 
   Daí a importância da alimentação adequada paralela à rotina de exercícios e a interdisciplinaridade desse acompanhamento. “É importante que haja a ligação entre o nutricionista e o educador físico que orientam o diabético. O nutricionista precisa saber qual é a carga e a duração do treino para poder controlar a quantidade de carboidrato necessária para aquela atividade, ou o diabético pode passar mal durante e depois do treino”, poderá a pós-doutora em Metabolismo e Nutrição e docente da Uningá, Michele Caroline da Costa Trindade. 
   Nessa rotina, segundo ela, se engana quem acha que o diabético precisa extinguir determinados alimentos. “Muitos médicos sugerem, por exemplo, que o diabético corte a beterraba da dieta porque ela tem muito açúcar. Realmente tem, mas depende da forma de preparo. Ele não precisa consumir a beterraba cozida, que tem a liberação rápida do açúcar. Pode consumi-la crua ralada”, sugere. Segundo Michele, muitas pessoas apontam para a importância da forma de preparo do alimento na vida do diabético. “Um estudo mostrou, por exemplo, que se você faz o arroz, congela e descongela antes de consumir, você altera a composição do açúcar e já não aumenta tanto a glicemia!, conta. 
   FIBRAS
   Se é a velocidade da disponibilização do açúcar no sangue qe prejudica o diabético, a regra, segundo Michele, é buscar maneiras de prolongar esse processo. Uma das mais eficientes é combinar o açúcar e o carboidrato com muitas fibras. “Dessa forma, o diabético pode até comer doces. O doce de abóbora, por exemplo, pode ser preparado com açúcar, abóbora e chia”, orienta a nutricionista. 
   Outra combinação que deixa menos restritiva a dieta do diabético é feita com proteínas e gorduras. “ A associação de um alimento fonte de carboidrato com uma fonte de proteína ou até mesmo de gordura vai retardar a velocidade de absorção desse carboidrato”, garante. Assim, o macarrão, ainda que feito de farinha branca, vai elevar muito menos a glicemia se for combinado com carne e salada. 
   TIPOS
   Apesar de levarem o mesmo nome, o diabete tipo 1 tem tratamento muito diferente do diabetes tipo 2. O segundo pode ser facilmente controlado com alimentação e atividade física, enquanto o primeiro vai depender da insulina pelo resto da vida, mesmo tendo uma alimentação adequada e se exercitando regularmente. “ O tipo 1 precisa ingerir uma quantidade de carboidrato que não gere hiperglicemia nos picos pós-refeição Já o tipo 2, trabalhamos não só a quantidade, mas a qualidade da alimentação. Pode até extrapolar na quantidade porque não tem tanta rigidez quanto no tipo 1”, poderá.
   As diferenças entre um e outro são ainda maiores na hora de praticar atividade física. “O tipo de treino, a orientação dos exercícios, a frequência, as respostas, os cuidados de um não tem nada a ver com o outro. É como se fossem duas patologias diferentes”, afirma o doutor em Ciências do Movimento e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luiz Fernando Martins Kruel.
   Segundo ele, a atividade física de um diabético tipo 1 precisa levar em conta uma série de fatores, como o tipo de insulina que ele toma, a que horas ele toma e em que parte do corpo aplica. “Ele não pode, por exemplo, fazer um exercício na hora de pico da ação da insulina porque isso pode reverter demais o quadro e provocar hipoglicemia. Da mesma foram, se ele trabalha muito a musculatura onde foi aplicada a insulina, a ação dela vai ser estimulada, baixando demais a glicemia”, explica. (JULIANA GONÇALVES – ESPECIAL PARA A FOLHA, página 10, FOLHA SAÚDE, segunda-feira, 14 de novembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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