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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

AQUISIÇÕES DE EMPRESAS DE TECNOLOGIA AVANÇAM NA CIDADE


A Oniria foi adquirida pela Gestum, companhia de soluções de tecnologia educacional, por R$ 6 milhões

   Casos de compra e incorporação de empreendimentos do setor revelam cenário de atração de investimentos
   As empresas do setor de Tecnologia da Informação (TI) de Londrina estão chamando a atenção de grandes corporações. Há poucos dias, a Gestum, companhia de soluções de tecnologia educacional, incorporou a Oniria pelo valor de R$ 6 milhões. No ano passado, a Deliveria, plataforma de delivery online, foi adquirida pela gigante iFood. 
   Segundo informações do setor, as empresas e TI em Londrina não só tem potencial para integrarem transações de fusões e aquisições como já estão sendo sondadas sem que essa informação chegue ao conhecimento público. 
   Sabe-se, por exemplo, que uma empresa londrinense foi incorporada em agosto por uma companhia do mesmo setor de São Paulo e que outra grande empresa paulista está interessada em adquirir um negócio sediado em Londrina. Os detalhes sobre as transações, no entanto, ainda não podem ser divulgados, a pedido da incorporadora , em um caso, e porque a negociação está sob contrato de confidencialidade, no outro. 
   Segundo Fabrício Bianchi, consultor do Sebrae Londrina , empresas de base tecnológica da cidade são constantemente “assediadas por empresas nacionais e internacionais para fusões e aquisições”, um sinal de que os empreendimentos londrinenses estão “incomodando o mercado” ou que oferecem soluções inovadoras. “Essas transações são interessantes, mostram que as empresas daqui têm competência de negócios na área de inovação”, comenta Biachi. “ Mostram o grau de maturidade das empresas de Londrina”, acrescenta Marcus von Borstel, presidente do Sindicato da Indústria de Software do Paraná (Sinfor). 
   Para ele, outro fator que atraí atenção para a cidade é o fato de Londrina ter um dos maiores números de certificações que atestam a qualidade do software produzido aqui. Além disso, tem um Arranjo Produtivo Local (APL) e uma unidade do Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação (IST). A presença de uma operadora de telefonia pública local, a Sercomtel e de um “ecossistema funcionando em harmonia” com entidades, universidades e governos também ajudam.
   Para Luís Carlos Albuquerque Silva, presidente do Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação (APL TI) de Londrina e Região, as recentes transações no setor deixam claro a intenção de outra empresas de brigar por um determinado mercado. As empresas ou startups de hoje, por outro lado, são compostas por empreendedores da geração Y, que têm um visão mais “desapegada” de negócios. Isso, para o presidente, vai naturalmente levar a mais transações. 
   E, para Londrina, as transações são positivas uma vez que, em muitos casos, os empreendimentos continuam na cidade e, em outros, os empreendedores das empresas comercializadas continuam no município e reinvestem o dinheiros em novos negócios. “A tecnologia hoje permite escalar o negócio de forma mais rápida. Quando ele é vendido, é possível reinvestir o dinheiro para isso mais vezes.”
   Pedro Sella, diretor de Ciência e Tecnologia do Instituto de Desenvolvimento de Londrina, ( Codel), afirma que o interesse de organizações nacionais e internacionais por empresas londrinenses reafirma a capacidade técnica e de empreendedorismo da cidade, e a maturidade de todo ecossistema de apoio ao desenvolvimento instalado em Londrina. “Mostra que conseguimos competir de igual para igual com grandes centros.”
   Para Sella, a aquisição de empresas londrinenses por corporações de outros estados ou até países não tira da cidade a oportunidade de desenvolvimento do setor de TI. “Acaba trazendo mais maturidade empresarial. As empresas que se tornam filiais ganham em escala, contratam mais pessoas.”
  TV e INTERNET TÊM 25% DAS TRANSAÇÕES
   Nos últimos dez anos, a proporção de fusões e aquisições nos setores de Tecnologia da Informação (TI) e de Internet saltaram de 8% a 10% para 25%, afirma o diretor da KPMG no Brasil, Eduardo Navarro. Em 2015, foram realizadas 773 transações de fusão e aquisição no País. Navarro acrescenta que a TI e Internet figuraram entre os cinco mais ativos no País nos últimos anos. O Paraná respondeu, em 2015, por 3% das transações nesses setores. 
   Diferentemente de outras áreas, em que o negócio precisa estar “rodando” e com geração de caixa para ser negociado, os setores de Tecnologia da Informação e de Internet podem ser adquiridos quando ainda estão em desenvolvimento, afirma o diretor da KMG. “Historicamente, estes são setores de volume maior de transações com valores menores.”
   Navarro relaciona o menor valor das transações à natureza dos negócios, que não demandam grandes investimentos em infraestrutura física. Um ambiente propício para um maior número de transações nessas áreas, segundo ele, são locais com uma infraestrutura de mais longa data que estimulam a criação de novas empresas como incubadoras e serviços de compartilhamento de espaços. 
   Se olharmos para o que tem acontecido nos últimos dez anos, a tendência é que aumente (o número de transações nos setores de TI e de Internet). “ Outros fatores podem ainda indicar o crescimento: a criação de novo “clusters” de tecnologia, a movimentação público-privada em torno do tema e a consciência dos empresários da necessidade de investimento maior em ferramentas tecnológicas. (M.E.C.) ( MIE FRANCINE CHIBA – REPORTAGEM LOCAL, página 8, FOLHA ECONOMIA, quinta-feira, 3 de novembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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