UMA ELEIÇÃO DIFERENTE

   Pela primeira vez em 24 anos, desde que foi instituído o segundo turno nas eleições em cidades com mais de 200 mil eleitores, Londrina definiu já na primeira fase o seu prefeito. A vitória de Marcelo Belinati (PP), com 51,57% dos votos válidos, foi confirmada um pouco antes das 19 horas e marca a volta de um perfil político ao posto de chefe do Executivo municipal e também a volta do sobrenome Belinati ao centro da política londrinense. 

   O empresário Valter Orsi (PSDB), que nas últimas semanas teve o seu nome cogitado para um segundo turno, reuniu 93.415 votos e antes mesmo da confirmação do resultado admitiu a derrota em coletiva de imprensa. 

   O ineditismo da vitória no primeiro turno tem aspecto positivo e negativo. O lado bom é que o eleito pode começar a pensar imediatamente a cidade e começar a reunir forças para colocar em prática o seu projeto para o município. Mas há um lado negativo em não ter segundo turno. A campanha eleitoral de 2016 foi bem mais curta que as anteriores, com apenas 45 dias de duração, e algumas semanas a mais de debate poderiam ajudar o cidadão a conhecer melhor as propostas dos candidatos e até mesmo a cobrar mais compromissos dos postulantes. 

   É inquestionável que Marcelo Belinati sai bastante fortalecido com os seus 136.360 votos. Por outro lado, quem sai perdendo é o atual prefeito, Alexandre Kireeff, que não preparou um sucessor e não conseguiu eleger Orsi para ocupar o seu lugar.

   Não se pode ignorar um importante recado das urnas. O número de votos brancos (12.601, ou 4,17%) e nulos (24.960 ou 8,27%) mostrou a insatisfação do cidadão e deve ser encarado como um protesto. Para se ter uma ideia, só o total de votos nulos é maior que todos os votos depositados para o terceiro colocado, André Trindade, (PPS). 

   Também chamou atenção a ausência de um representante do PT na Câmara de Vereadores, a presença de apenas uma mulher no Legislativo e ainda a expressiva votação de Boca Aberta, o vereador mais votado. Na festa de comemoração pela vitória, Marcelo discursou pela unificação. Londrina precisa de lideranças fortes e espera-se que o novo prefeito consiga fazer um secretariado competente e comprometido. Lembrando que pensar a cidade e projetá-la para o futuro exigem trabalho e amadurecimento político de seus representantes e de toda a população. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, segunda-feira, 3 de Outubro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).