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domingo, 9 de outubro de 2016

LONDRINA NAS TRILHAS


   Músicas de dois compositores da cidade – interpretados por Simone Mazzer – estão nas trilhas sonoras de novela global e de um série do canal FOX
   A nova novela do horário nobre da Globo “A Lei do Amor”, que começou essa semana, trouxe uma grata notícia à cidade de Londrina: a composição do dramaturgo, escritor e compositor Maurício Arruda Mendonça Estrela Blue”, na voz da cantora e atriz Simone Mazzer, está na trama com a personagem da atriz Vera Holtz. Apenas um dia depois da estreia, os pés-vermelhos foram agraciados com a informação de que a composição “Dei um Beio na Boca do Medo”, do jornalista e compositor Bernardo Pellegrini, também na voz de Simone Mazzer, vai ser nada menos que o tema de abertura da série Me Chama de Bruna” – baseada na vida de Bruna Surfistinha – que começou neste sábado, no cana FOX, na qual Simone ainda atua. Mal sabia ela que o aclamado “Tango do Mal”, tocada no encerramento da novela “Babilônia” dava uma ideia do que estava por vir. Todas essas músicas fazem parte do álbum “Férias em Videotape” da cantora, lançado em março do ano passado, que já foi indicado pela crítica especializada entre as dez melhores do ano e acaba de ser reeditado pela Universal.
   Essa não é a primeira vez que Londrina ganha destaque no cenário artístico nacional mais recente. Robinson Borba e sua lendária composição “Mente,mente” teve grande repercussão na voz de Ney Matogrosso, no show “Inclassificáveis”. Mas não para por aí. O próprio Bernardo Pellegrini também teve a composição “Essa Mulher” gravada na voz rasgada de Elza Soares, no mesmo álbum de Simone Mazzr que, aliá, sempre inseriu essas canções em seu repertório de shows, grande base da gravação do disco. “ Essas composições nunca falham. Por onde ando e as mostro são elogiadas pela sonoridade e qualidade das letras que são verdadeiros poemas musicados. Tenho um carinho especial por elas (músicas) e por eles (Maurício e Bernardo), pois fazem parte da minha trajetória e de onde venho”, diz a cantora que pinta e borda no blues, tango, soul e flamenco nesse álbum. 
   Trajetória, inclusive, que merece um capítulo extra e à parte. Se o ano de 2015 foi arrebatador na vida da londrinense, este ano não está sendo diferente. Seja como atriz ou intérprete, os olhares – agora de todo o país – estão voltados a ela. Grande parte dessa visibilidade se deu após o lançamento desse primeiro álbum solo, que lhe rendeu o Prêmio de Música Brasileira, na categoria Revelação, e a estreia do filme “Nise” – O Coração da Loucura”. Mas quem a conhece dos áureos tempos da banda Chaminé Batom, nos anos 90, em Londrina, e da atuação no Armazém Cia de Teatro, sabe que o sucesso não veio de repente. “Já são mais de vinte anos fora de Londrina”. Somente o show que dá base para o álbum, está circulando desde 2012. “Férias em Videotape” é resultado de um repertório amadurecido. Queria muito registrar essas músicas e canções.”

   BLUES PARA TODOS

   “Estrela Blue” foi composta por Maurício Arruda Mendonça há mais de dez anos e estava guardada junto com outras pérolas ainda não polidas. “ Simone tem essa ligação muito grande com Londrina. Quando estava montando o repertório de seu show, me perguntou se havia alguma música para ela. Mostrei esse blues num arranjo simples ao violão. Mas foi junto com Marco Scolari, responsável por seus arranjos, que valorizaram a composição e deram essa grande projeção à canção. Atribuo todo sucesso aos dois, senão a música continuaria lá guardada”, comenta o escritor. Sobre a criação do blues, que ele destaca não ter gênero, por isso se encaixa para diversos públicos, foi feito em um momento como outros. “ Algumas composições são como poesia. Não sabemos muito bem porque fazemos, apenas fazemos”, pontua. 

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   UMA CANÇÃO, MUITAS HISTÓRIAS 
Bernardo Pellegrini: letra da música dialoga com a crítica à repressão sexual da trama
 " Dei um Beijo na Boca do Medo”, do jornalista e compositor Bernardo Pellegrini, é uma daquelas canções que contam várias histórias, reúnem sentimentos diversos e ganham vida nova a cada voz. Já foi gravada por quatro intérpretes diferentes antes de Simone Mazzer, a primeira na voz da cantora Rosa, integrante do Bando do Cão Sem Dono, no marcante álbum “Dinamite Pura”. Teve arranjo em violino e, também, para uma peça de teatro. “Compus em 1994, mas percebo que, hoje, a letra está ainda mais atual pelas identificações que ela traz, pois trabalho com vários signos do mal estar de ser brasileiro que ainda persistem”, pontua Bernardo, sobre a existência da metalinguagem calcada em vários autores, citações e refrões conhecidos no decorrer dos trechos que fazem referência a valores patriarcais, relações de poder, herança escravagista.
   “Me Chama de Bruna”, série com oito episódios com base na vida da prostituta de classe média que ficou conhecida por Bruna Surfistinha, faz essa ponte com o viés marginal de “Dei um Beijo na Boca do Medo”, referência a quem enfrenta dissabores e dificuldades da vida e, mesmo diante dos problemas, não fica paralisado, continua caminhando . “ Nesse sentido, pode ser que a crítica da repressão sexual da trama tenha uma confluência com a letra. Todo ser humano passa por diversas etapas da vida, isso é universal e perene. Saber lidar com os obstáculos e se reinventar é o grande desafio.” O álbum “Dinamite Pura”, que traz a primeira versão da música, foi o primeiro gravado em Londrina no formato em CD e foi remasterizado recentemente com mais seis faixas inéditas. “ Londrina reúne uma potência musical e artística que transborda arrojo e inventividade.” (M.T.) (MARIAN TRIGUEIROS – Reportagem Local, página 4, caderno FOLHA 2, 8 e 9 de Outubro de outubro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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