Páginas

domingo, 9 de outubro de 2016

RUMO AOS 300 ANOS


   A festa de Nossa Senhora Aparecida, no dia 12 de outubro deste ano, terá uma importância singular: terá a abertura do Ano Jubilar Mariano, que se estenderá até o dia 11 de outubro do ano que vem. É o início da preparação próxima da grande solenidade da celebração dos 300 anos do encontro da imagem milagrosa da nossa mãe celestial pelos pescadores no rio Paraíba do Sul, em 1717.
   A preparação da celebração do Ano Jubilar começou com a peregrinação da imagem da Padroeira e Rainha do Brasil pelas dioceses, paróquias e comunidades de todo o nosso país, peregrinação que ainda continua e prosseguirá em algumas dioceses até o final do Ano Jubilar Mariano. 
   O nosso país é muito novo na história da humanidade, embora nossos povos originários já habitavam nossa terra há séculos. Em meio a países-milenares, nossa história ultrapassou recentemente 5 séculos, sendo que em mais de três deles não tínhamos identidade própria: éramos colônia portuguesa até 1822. O Brasil, como Estado Nacional caminha para completar seu segundo século de existência. 
   Nossa identidade nacional foi construída e adquirimos características próprias. Uma delas é a que temos desde o início, a fé cristã, a começar pela “Primeira Missa”, celebrada por Frei Henrique Soares de Coimbra no dia 26 de abril de 1500. Seguiram-se as missões jesuítas, franciscanas, dominicanas e outras que marcaram a nossa história, apesar da expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, causando um grande prejuízo no nosso desenvolvimento cultural e do regime do padroado, que vigorou durante o império e limitou a ação pastoral da igreja. 
   A devoção mariana foi integrante do conteúdo da primeira evangelização e a devoção a Maria foi porta aberta de acesso ao conhecimento de Jesus Cristo. Essa devoção é uma marca indelével na nossa história na qual o culto a Mãe de Deus, invocada com o título de Aparecida teve e tem, sem dúvida, grande influência. No próximo ano, completam três séculos do encontra da imagem da Imaculada Conceição que depois recebeu do povo devoto, o carinhoso nome de Aparecida que, mais tarde, deu também, o nome da cidade. 
   O Ano Jubilar não quer ser simplesmente uma recordação de um acontecimento histórico, nem somente de inaugurações, mas um tempo de graça da celebração de um grande evento da nossa fé que procura resgatar a mensagem desse fato tão singelo e surpreendente, o encontro da pequenina imagem partida da Imaculada, três pobres pescadores que unem os dois pedaços, pescados em profusão e a rede.
   A propósito disto, afirmou o Papa Francisco: “primeiro o corpo, depois a cabeça, em seguida, a unificação do corpo e cabeça: a unidade. Aquilo que estava quebrado retoma a unidade. O Brasil colonial este dividido pelo muro vergonhoso da escravatura. Nossa Senhora Aparecida se apresenta com a face negra, primeiro dividida, mas depois unida, nas mãos dos pescadores. Em Aparecida, logo desde o início. Deus dá uma mensagem de recomposição do que está fraturado, de compactação do que está dividido. Muros, abismos, distâncias, ainda hoje, existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar esta lição: ser instrumento de reconciliação.”
Que o Ano Jubilar Mariano seja uma ocasião para levarmos esta mensagem ao nosso sofrido mundo atual. (
 Dom RAIMUNDO DAMASCENO ASSIS, Arcebispo de Aparecida, página 6, PALAVRA DA IGREJA, Revista CANÇÃO NOVA - OUTUBRO 2016).

Nenhum comentário:

Postar um comentário