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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

CIDADE DE BRAÇOS ABERTOS

 
Shen Shao Chi Chi e Liu Hsiu Hassiang são de Taiwan:  animados e aplicados.  As nigerianas Amaka Alaluchye e Dnetly Abosi  ficarão em missão durante três anos no Brasi
   Em busca de integração definitiva com Londrina, homens e mulheres de várias nacionalidades fazem curso para aprender português
   Quando Londrina ainda dava os passos iniciais de sua história, os livros da Companhia de Terras Norte do Paraná, empresa de capital britânico que colonizou a região, registraram que adquiriram lotes no município e no entorno, no período de 1933 a 1940, 770 italianos, 638 japoneses, 554 alemães, 480 espanhóis, 309 portugueses, 214 poloneses. Também foram compradores pioneiros 3.701 brasileiros e muitos outros de diversas nacionalidades, totalizando homens e mulheres de 35 países distintos. Os dados são do Museu Histórico Padre Carlos Weiss. 
   Na Londrina metrópole de setembro de 2016,reúnem-se em uma sala de aula do Sesc cinco taiwaneses, três japoneses, três sírios, duas nigerianas, um chinês e um colombiano. São estrangeiros que a cidade continua acolhendo e que estão ali para aprender a língua portuguesa. 
   É o caso de Shen Chao Chi Chi, de 56 anos, e Liu Hsiu Hasiang, de 55, casal de Taiwan que adotou o Brasil como pátria. Tanto que adotaram também nomes ocidentais. Shen agora atende quando chamado de Pedro. Liu passou a utilizar Isabel. 
   Já faz 18 anos que deixaram o país asiático que é separado por apenas 180 quilômetros do mar da China. Moraram um tempo em São Paulo, trabalharam como empregados, ele marceneiro e ela cozinheira, até que abriram um restaurante vegetariano em Londrina. Uma vez empresários, sentiram que não davam mais para ir adiante sem a fluência no português. Matricularam-se no curso. 
   São os mais animados e também muito aplicados. A todo momento recorrem a um grande dicionário que traduz o mandarim – língua oficial de Taiwan – para o português. Assim conseguem dar conta de concluir os exercícios que a professora Luciana Bataglia Mesquita, de 31, passa para a turma. O dicionário também foi útil para responder as perguntas feitas pela reportagem da FOLHA.
   Entre todas as respostas, destacam-se as mais simples. Estão felizes com a chegada ao mundo da primeira netinha Yumi, que está com cinco meses, e com o movimento do restaurante que vai bem, apesar da crise. “Graças a Deus”, diz Isabel, sorrindo em seguida. 
   EM NOME DA FÉ 
   Já as nigerianas Dnetly Abosi, 33, e Amaka Alafuchye, 36, não estão no Brasil para ganhar dinheiro. Elas são freiras, das Irmãs Oblata de São José. Ficarão em missão religiosa no País durante três anos. Dnetly chegou há seis meses e está um pouco mais familiarizada com a língua de Camões. Amaka, porém, só se comunica em inglês, a língua oficial do país africano. Está em Londrina há apenas um mês e é um bocado tímida. 
   Dnetly diz que está achando a cidade muito organizada e com muitas máquinas, em comparação com sua terra natal. A Nigéria é o país mais populoso da África. Tem aproximadamente 176 milhões de habitantes e uma série de problemas internos, evidenciados pela enorme desigualdade social e pela pobreza. Isso permite a ascensão de grupos terroristas como o Boko Haram, controlado por radicais islâmicos e considerado o mais sanguinário daquele continente. 
   Sobre as aulas, a freira diz que está feliz com o aprendizado. Já consegue ler alguns trechos da bíblia na nova língua. Porém, o que a deixa mais feliz no Brasil é algo ainda mais singelo. “Aqui se faz muita amizade”, sintetiza, em bom português. (Leia mais na pág. 2).

   SERVIÇO
A turma de português para estrangeiros já está fechada , mas o Sesc estuda abrir novas vagas para o próximo semestre. O curso é gratuito. Informações pelo fone (43) 3305-7831. (WILHAN SANTIN – Especial para a FOLHA, caderno FOLHA CIDADES - ACOLHIMENTO, quinta-feira, 15 de setembro de 2016. Publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).  

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