Páginas

terça-feira, 2 de agosto de 2016

NOS PRESÍDIOS, A BRIGA PELO PODER


   Os ataques a ônibus e unidades policiais que vêm ocorrendo desde a semana passada, em Natal, Rio Grande do Norte, retratam um tipo de terrorismo que se pratica no Brasil. Muitos defendam que o Brasil, um país pacífico, não é do tipo horrível de violência exercida pelo Estado Islâmico ou por outro grupo extremista. Mas não seria terrorismo essas ações orquestradas que visam impor o pânico entre a população indefesa? O mais assustador é que os ataques ocorridos em Natal foram coordenados principalmente por criminosos que cumprem pena em presídios. A polícia contou mais de 50 ataques em todo o estado e prendeu cerca de 50 suspeitos, incluindo um dos chefes da facção, foragido do sistema carcerário desde dezembro do ano passado. O homem foi detido com drogas, aparelhos de telefone celular e R$ 300 mil em dinheiro. Os atos de violência foram ordenados por presos em retaliação às ações de disciplina implantadas dentro das unidades prisionais. Não teve motivação ideológica, religiosa ou política. Talvez, a principal medida disciplinar que revoltou os detentos foi justamente a instalação de bloqueadores de sinal de celular. A destruição de ônibus que fazem o transporte coletivo afeta diretamente o cidadão. Provoca medo e transtornos imensos para quem só deseja chegar em casa depois de um dia de trabalho. O motorista de um dos veículos teve os braços e o rosto queimados. Os ataques aconteceram no Rio Grande do Norte, mas essa prática de aterrorizar a população ateando fogo em ônibus, infelizmente, já aconteceu em muitas cidades brasileiras. De 2012 para cá, Santa Catarina viveu ondas de violência bem semelhantes e ordenadas dentro dos presídios. Especialistas alertam que essas organizações criminosas tendem a se proliferar pelo País devido às constantes transferências de presos. E assim vão surgindo líderes e liderados, mantendo um sistema hierárquico fortalecido pela precariedade do funcionamento dos presídios, pela superlotação e pela má administração das unidades carcerárias. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, terça-feira, 2 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário