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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

A SAÚDE DO HOMEM


   Os homens brasileiros não se preocupam em cuidar da própria saúde. Esta é a principal constatação de uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde e divulgada ontem. O estudo mostrou que quase um terço dos homens brasileiros não tem o hábito de frequentar serviços de saúde para buscar auxílio na prevenção de doenças e na qualidade de vida. Foram entrevistados, em 2015, mais de seis mil homens cujas parceiras fizeram parto no Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento mostra que as barreiras socioculturais acabam interferindo na prevenção, pois muitas vezes o homem acreditam que não ficam doentes. Segundo a pesquisa, eles também têm medo de fazer exames médicos e descobrir que há alguma coisa de errado. E, para atrapalhar ainda mais a situação, o Ministério da Saúde constatou que há despreparo dos profissionais de saúde em aproveitar o momento em que o homem acompanha a mulher nas consultas pré-natal para conscientizá-lo da importância de se cuidar. A maioria dos homens entrevistados (80%) disse que acompanha a mulher nas consultas, mas 56% afirmam que o atendimento teve foco apenas nas orientações à gestante. Justamente para aproveitar essa oportunidade, o ministério lançou ontem o Guia do Pré-Natal do Parceiro para profissionais de Saúde e o Guia da Saúde do Homem para Agente Comunitário da Saúde. A primeira proposta consiste em aproveitar o momento em que o marido acompanha a mulher no pré-natal para que ele adote hábitos saudáveis e faça exames preventivos. O segundo tenta sensibilizar agentes de saúde para consulta de prevenção. A despreocupação com a saúde tem uma consequência: os homens morrem mais cedo que as mulheres e de doenças que poderiam ser prevenidas, como infartos, câncer, acidentes vasculares e doenças do aparelho digestivo. Falta de tempo e excesso de trabalho não são justificativas aceitáveis para a baixa frequência dos homens nas unidades de saúde, pois as mulheres trabalham de forma igual. A questão é cultural e está presente em países com forte traço de machismo, onde os meninos crescem achando que procurar ajuda médica é “coisa de menina”. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sexta-feira, 12 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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