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segunda-feira, 25 de julho de 2016

O RECADO DE SÉRGIO MORO



   O juiz Sérgio Moro comunicou, na última sexta-feira, a iniciativa privada e as diferentes esferas de poder para ajudarem a acabar com a corrupção sistêmica no Brasil. Moro é responsável por julgar as ações penais da Operação Lava Jato em primeira instância e o pedido foi feito por ele durante discurso em Curitiba, quando recebeu a “Ordem do Mérito do Comércio do Paraná”, concedida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no Estado (Fecomércio). O recado foi direcionado à plateia certa, formada majoritariamente por políticos e empresários. O juiz frisou que os Três Poderes, não só o Judiciário, mas também o Executivo e o Legislativo precisam fazer a sua parte para uma mudança profunda nas leis no sentido de melhorar a democracia e tornar os processos mais transparentes. Quando disse que a “Justiça não pode ser um faz de conta”, o juiz paranaense ressaltou a importância da Lava Jato ir até o fim e os condenados serem realmente responsabilizados. Neste sentido, é preciso que a sociedade continue atenta aos dispositivos que vez ou outra aparecem pelo caminho e que podem atrapalhar a maior operação de investigação contra a corrupção no Brasil. Moro citou o projeto de Lei do Senado 280/2016. De autoria de Renan Calheiros (PMDB-AL) e relativo aos chamados crimes de abuso de autoridade. O texto penaliza quem ordenar ou executar “captura, detenção ou prisão fora das hipóteses legais”. O problema desse projeto é que a redação é muito vaga e abrangente e, se aprovada, colocará em perigo a independência judicial. Ao mesmo tempo, a sociedade precisa pressionar a Câmara dos Deputados para agilizar a tramitação das “10 Medidas contra a Corrupção “ - campanha encabeçada pelo Ministério Publico Federal que segue a passos de tartaruga no Congresso. Só a Lava Jato não é capaz de passar o País a limpo. É preciso um esforço grandioso da sociedade, dos empresários, da classe política e dos poderes para acabar com a corrupção sistêmica. Não é possível continuar convivendo com esquemas tão escandalosos como os revelados pelo Petrolão. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, segunda-feira. 25 de julho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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