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terça-feira, 12 de julho de 2016

MINDFULNESS - RESPIRE E VIVA MELHOR


   Mindfulness é uma palavra inglesa que significa atenção plena ou consciência plena. No contexto da psicoterapia é uma meditação laica, ou seja sem conteúdo religioso. É uma percepção não julgadora do momento presente, em relação ao que está acontecendo dentro de nós e ao nosso redor; é sair do piloto automático, reconhecer os eventos e experiências como realmente são, no aqui e agora, deixando as coisas que não podem ser controladas que sejam como elas são. 
   A meditação Mindfulness começou a ser utilizada no contexto clínico na década de 1980, na Escola de Medicina da Universidade de Massachussets, Estados Unidos, por John Kabt-Zinn, como suporte a tratamentos para dor crônica e estresse. Mostrou-se  também eficaz para diversos transtornos de ansiedade. Atualmente, essa técnica está inserida no contexto psicoterápico de algumas abordagens da Psicologia. 
   Segundo a Organização Mundial de Saúde, atualmente, o estresse afeta mais de 90% das pessoas em todo o mundo. Esse estado emocional é uma forma de adaptação e proteção do corpo contra agentes externos ou internos. Entretanto, o estresse agudo ou crônico é altamente tóxico para o organismo: reduz o calibre dos vasos sanguíneos, aumenta os riscos de hipertensão e arritminas cardíacas e pode provocar disfunção no sistema imunológico. Alguns hormônios liberados no corpo quando em estado de estresse são: adrenalina, cortisol e noradenalina. Quando estamos estressados, a região das emoções – o sistema límbico – fica sobrecarregada, e as outras áreas do cérebro passam a trabalhar de forma ineficiente. Nesse momento, o monstro do estresse toma conta de todo o corpo.
   A ansiedade é uma característica biológica de todos os seres humanos , quando antecede situações de perigo real ou imaginário. A ansiedade tem uma razão adaptativa de que existem ameaças à nossa volta. O estado ansioso em patamares de equilíbrio cria um ambiente cognitivo de apreensão salutar e de tomada rápida de decisão. A patologia está ligada à avaliação catastrófica que se faz das ameaças. Algumas consequências são: aumento da glicose no sangue, da adrenalina e do cortisol. 
   Mindfulness está associado a mudanças estruturais em áreas do cérebro importantes no processamento sensorial, cognitivo e emocional. Mindfulness também atua na plasticidade do córtex pré-frontal do cérebro, uma área responsável pela capacidade de tomar decisões ou inibir comportamentos indesejáveis, uma vez que a espessura do córtex relacionado à atenção é maior nos meditadores do que em não praticantes. O sistema límbico – onde são processadas as emoções – também é influenciado de forma saudável, pela prática meditativa. Por conseguinte, praticar Mindfulness tem efeito calmante, deixando a pessoa mais relaxada.
   A prática regular de Mindfulness se apresenta como uma excelente alternativa para melhorar a qualidade de vida, prevenindo contra diversas doenças. Alguns hormônios liberados pelo corpo em estado meditativo são: endorfina – tem ação analgésica e relaxante, estimula a sensação de bem-estar, humor e alegria; serotonina – eleva o humor, produz sensação de bem-estar, regula o sono, a atividade sexual, a temperatura corporal, a sensibilidade à dor, as atividades motoras e cognitivas; ocitonina – conhecida como o hormônio do amor, tem relação com o prazer, com a segurança, o desejo sexual e o bem-estar da mente e do corpo. 
   É possível praticar Mindfulness em casa ou no trabalho. O desejável é uma prática diária de pelo menos vinte minutos, porém, para o iniciante, de cinco a dez minutos diários já seria interessante. Na rede hospitalar, poderá proporcionar recuperação mais rápida e menos tempo de internação para os pacientes. Nas empresas, a prática de Mindfulness poderá favorecer um ambiente onde os colaboradores terão mais equilíbrio emocional, mais atenção focada, e como consequência, maior produtividade. (PAULO CESAR SOUZA ANDRADE, psicólogo especialista em terapia cognitivo-comportamental e hipnoterapia cognitiva em Londrina, página 2, ESPAÇO ABERTO, segunda feira, 11 de julho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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