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segunda-feira, 13 de junho de 2016

'SOMOS ROTEIRISTAS DA NOSSA REALIDADE'


"Ao invés de afirmar 'isso não é possível", ou 'a vida é assim', devemos formular perguntas, por exemplo, 'como ser melhor?', 'como sair disso?', ensina Dulce Magalhães 

   Filósofa Dulce Magalhães roda o País mostrando como o foco define a sorte e como a mudança de olhar favorece a vida pessoal e profissional

   A atratividade da filósofa, escritora e pesquisadora Dulce Magalhães é um reflexo dos preceitos que ela traz consigo há 25 anos. Tempo, que se dedica aos estudos de mudanças de paradigmas e que a tornou uma das palestrantes mais requisitadas no País. 
   De fala tranquila e carisma entre um pensamento e outro, essa paranaense de Cornélio Procópio e criada em Curitiba, esteve diante de uma plateia interessada na semana passada, em Londrina. Na palestra sob o tema de uma de seus livros “O Foco Define a Sorte”, ela falou sobre como ser protagonista da própria realidade, no âmbito pessoal e profissional. Para isso, defende que é preciso aprender a ver o mundo a partir de uma nova visão de realidade, pois tudo é fruto da percepção. 
   “Nós aprendemos tudo dentro de um modelo de cultura que nos ensina. Sendo assim, tudo o que pensamos é é a nossa versão da realidade, portanto ela é ficcional”, reflete.
   Neste raciocínio, reforça que a realidade se modifica quando mudamos de percepção. “Se tudo é ficção, então não seria mais interessante viver a ficção que a gente deseja? Nós somos roteiristas de nossa realidade”, diz.
   Para captar essa mensagem, basta lembrar que culturalmente, acreditamos mais que a percepção verdadeira, isto é, a realidade é sempre algo ruim. “Tanto é que em algumas situações é comum ouvirmos que ‘de tão bom, nem parece ser verdade’, exemplifica. 
   Mas como colocar isso em prática? Dulce ressalta que o principal exercício é treinar o cérebro a partir de dúvidas. “Nenhuma afirmação ajuda o cérebro a criar novas realidades, pois ela acaba sendo um limite. Ao invés de afirmar ‘isso não é possível’ , ou ‘a vida é assim’, devemos formular perguntas , por exemplo, ‘como ser melhor?’, como sair disso?”, ensina.
   E as respostas, de acordo com a palestrante, também estão dentro de nós. Além disso, ela acrescenta que a forma como lidamos com a realidade também atrai tipos de pessoas, como aquelas que só reclamam, têm baixa autoestima e são negativas. 
   O corretor da Prevent Seguros em Londrina Claudemir Rosseto foi um dos participantes do evento, atraído pelo extenso currículo da palestrante. Para ele, a mudança de paradigmas deve ser usada como princípio para a vida em todas as esferas. 
   Vivemos uma mudança de comportamento da sociedade e os gestores precisam ter mais empatia com as pessoas com as quais convivem. Sem isso, fica muito difícil manter uma equipe em busca de objetivos comuns”, pontua. 
   Em relação à sorte, a filósofa desmistifica a ideia popular de que se trata apenas de algo bom. “Vai depender do foco. O oposto da sorte em português é azar, que vem do latim e quer dizer acaso. Então, o acaso e a sorte podem ser bons ou não. 
   Se eu quero sorte boa, preciso ter foco e não deixar ao acaso, pois ele (foco) vai definir a qualidade da minha sorte”, 
completa.
   Dulce é Ph.D. em Filosofia Direcionada ao Planejamento de Carreira pela Universidade Columbia (USA) e uma das cem lideranças da Paz no Mundo. No extenso currículo, traz o título de Embaixadora da Paz no Senado Argentino e membro do comitê de 80 lideranças da Paz, coordenado pela ex-presidente americano Bill Clinton, para elaboração de um Programa Global de paz. 

   CARÁTER INTUITIVO IMPULSIONA COMPETÊNCIA

   Projetando o tema “O Foco Define a Sorte” para o profissional, a filósofa e educadora Dulce Magalhães afirma que a performance sempre será o resultado mais esperado pelas organizações. Sendo realista, ela reforça que as empresas não estão muito preocupadas se o colaborador é voluntário social, uma boa pessoa ou colega de trabalho. “Ela está interessada se você entrega aquilo que foi contratada para entregar. Uma organização é altamente pragmática. As empresas vivem em um universo competitivo e assim, evidentemente, os aspectos mais sutis dos colaboradores não são tão considerados”, comenta. 
   Com mais de duas décadas de experiências em mudanças de paradigmas ela afirma, porém, que a competência é fruto da performance, que por sua vez, depende do conjunto da pessoa que se é e não só da habilidade que se tem.
   “A performance depende de você ser uma pessoa em níveis muitos sutis até o mais pragmático. Depende de se ter uma percepção de realidade, do que é interessante ou não, ou seja, procede de um caráter intuitivo. A inovação, o progresso e o empreendedorismo surgem quando passamos a enxergar soluções e criar condições que vão além do momento-circunstância”, sustenta. 
   Ainda de acordo com ela, é essa sutileza e o imaterial que trarão as pessoas para o concreto, isto é, que darão resultados e as levarão à realização. “Mas tem que ser dosado. As mais novas gerações desejam uma vida de maior satisfação profissional, antes mesmo do salário, mas há ao mesmo tempo muita impaciência. É necessário ter um exercício de paciência e plantar e colher na mesma proporção”, salienta.(M.O.)


   TRÊS PILARES PARA A REALIZAÇÃO PROFISSIONAL 
   "Como gestor, temos que fazer com que as equipes produzam, mas de uma forma que também tenham prazer e satisfação no que fazem",conclui Adalberto Bueno



   Considerando a busca constante pela realização profissional, a filósofa Dulce Magalhães aponta três pilares fundamentais: o autoconhecimento, autoestima e a autorresponsabilidade. “Este último só é adquirido quando se está trabalhando os pilares anteriores. O resultado é que a pessoa se torna autora da própria trajetória”, revela. 
   Adalberto P. Bueno, gerente no consórcio União, trabalha com vendas há mais de 30 anos e reflete que no dia a dia “as pessoas tendem a se envolver demais em tarefa, esquecendo de si mesmas e, assim, trabalham de forma mecanizada.”
   Aberto a esta temática, Bueno assistiu à palestra de Dulce, interessado em buscar um pouco mais de autoconhecimento e melhorar as relações no trabalho. “ O autoconhecimento facilita os relacionamentos a integração da equipe e o atendimento ao público acaba sendo impactado de forma positiva”, observa. 
   Ele está à frente de uma equipe de 20 colaboradores e afirma ter assimilado uma nova lição. “ Somos agentes de mudança e precisamos nos conhecer para transformar o comportamento com as pessoas. Como gestor, temos que fazer com que as equipes produzam, mas de uma forma que também sintam prazer e satisfação no que fazem”, conclui. (M.O.) (MICAELA ORIKASA – Reportagem Local, FOLHA EMPREGOS & CONCURSOS, segunda-feira, 13 de junho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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