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quinta-feira, 26 de maio de 2016

MAIS GRAVAÇÕES


   A semana pós-feriadão começará quente em Brasília, com a apresentação, segunda-feira, no Conselho de Ética da Câmara, do relatório do Deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que deverá pedir a cassação do mandato do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O motivo para a perda do mandato será a afirmação de que ele mentiu à CPI da Petrobras, em março do ano passado, quando negou ter contas bancárias fora do País. Cunha é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. Outro assunto que deve se arrastar e polemizar é o pedido feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao STF. Os advogados querem que a Corte reconheça que o petista foi ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff (PT) . Desnecessário dizer que se o Supremo acolher o pedido, haverá consequências jurídicas, abrindo brecha para que Lula questione atos do juiz Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Lava Jato em primeira instância. Voltando à cúpula do PMDB, novas gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado também devem tirar o sossego do presidente interino Michel Temer neste feriadão. O homem que gravou Romero Jucá (PMDB-RR), provocando o afastamento do ministro do Planejamento , “grampeou” também o presidente do Senado Renan Calheiros, e o ex-senador e ex-presidente José Sarney. Os dois caciques do PMDB, mas principalmente Renan, mostram-se preocupados com o desenrolar da Lava jato. O presidente do Senado diz, no áudio, que apoia uma mudança na lei que trata de delação premiada em caso de presos. Todo mundo sabe que essa prática foi especialmente usada na Lava Jato e, ironicamente, ontem, dia em que essas duas novas conversas foram divulgadas pela “Folha de S. Paulo”, o ministro do STF Teori Zavascki homologou a delação de Machado . Nestas duas semanas de governo, um escândalo envolvendo a intenção de limitar a Lava Jato levou o presidente em exercício a afastar um ministro. Agora, surgem novas gravações revelando o pânico que os suspeitos têm com a possibilidade de virem para Curitiba e responder ao juiz Moro. O governo Temer tem poucos meses para provar que pretende iniciar um processo de mudança nos rumos do País. Se não mostrar uma postura rígida contra a corrupção, o presidente interino poderá passar o curto período de mandato somente explicando as condutas de seus aliados. ( FOLHA OPINIÃO folhaopiniao@folhadelondrina.com.br página 2, quinta-feira, 26 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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