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terça-feira, 15 de março de 2016

UM DIA HISTÓRICO


   O dia 13 de março de 2016 ganhou as páginas dos livros de História. As manifestações contrárias ao governo Dilma Rousseff foram as maiores manifestações de rua já realizadas no Brasil. Ousaria dizer – necessitando de um historiador para corroborar – que, ontem, assistimos também, o maior protesto já realizado no mundo contemporâneo, numa sociedade democrática e contra um governo constituído. E, vale dizer, sem nenhum incidente que mereça registro.
   Para além da guerra dos números, dos dados quantitativos, houve o principal elemento, o qualitativo: o recado foi dado com vigor ao mundo político, aos autores políticos. Se, por si só, a manifestação não é capaz de levar ao fim do governo Dilma, ela, certamente, aumenta sobremaneira a pressão nesta já combalida administração petista. Manifestações conjugadas às investigações levadas à cabo pela Operação Lava Jato, bem como a insatisfação do Congresso Nacional podem, como a saída do PMDB da base aliada, determinar o destino de Dilma e seu partido. 
   É possível, mas pouco provável, que o governo reaja. Falta uma narrativa aos petistas. Usar da ideia de um país dividido, de ricos contra pobres, não cola mais. Objetivamente, nada se apresenta, na economia, com sinais de melhora; subjetivamente, a presidente não consegue liderar e dialogar com os atores políticos e com a sociedade. Levar Lula para seu ministério pode significar o aceleramento da crise política. Para Dilma, qualquer cenário é ruim, desanimador mesmo. 
   Esse governo, com pouco mais de um ano, já parece velho, fadado à extinção. O problema, penso eu, é que o “novo” ainda não se apresenta com nitidez. Os personagens de nossa política, de qualquer partido que se imaginar, parecem estar aquém da situação em voga. Não nos enganemos: a saída da crise requer política, com P maiúsculo, uma política de cidadãos aliados aos seus representantes políticos. O momento reclama serenidade, mas firmeza: reclama mais e não menos democracia. (RODRIGO AUGUSTO PRANDO, sociólogo e professor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Mackenzie em São Paulo, página 2, ESPAÇO ABERTO, terça-feira, 15 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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