Páginas

segunda-feira, 14 de março de 2016

TEMPO DE ESPERANÇA


   Os protestos realizados ontem em praticamente todo o País cumpriram o que já era comentado nas redes sociais: milhares foram às ruas para pedir publicamente a saída da presidente Dilma Rousseff (PT) do governo. Foram atos maiores do que as manifestações realizadas no ano passado; em São Paulo contagem parcial estimava 450 mil pessoas (segundo o Instituto DataFolha) – número que supera o principal protesto a favor das Diretas Já, realizada em 1984, e recalculado posteriormente em 400 mil. 
   A população participou em peso: em Londrina foram cerca de 90 mil, segundo a Polícia Militar. Em Curitiba, a estimativa é de 160 mil; 100 mil foram às ruas em Brasília. Os números são grandiosos e indicam claramente que a sociedade deseja a descontinuidade do atual governo. Nunca uma administração esteve tão envolvida em tantas denúncias. A Operação Lava Jato desmantelou um esquema bilionário de desvios de recursos, que se consolidou como o maior escândalo do mundo. Além disso, depoimentos de réus presos, tomados em acordo de delação premiada, a campanha à reeleição da presidente como beneficiária de recursos ilícitos. 
   Portanto, Dilma perdeu a legitimidade para continuar a comandar o País. É improvável que envolta em tantas crises – política, econômica, moral, ética (para ficar em poucos exemplos) – ela consiga reverter tudo isso e terminar o seu mandato. Ao contrário do que os petistas preferem acreditar, não se trata apenas de um movimento da “classe média e dos ricos”. A classe C, que teve seu auge há alguns anos, também foi afetada, O seu poder de compra foi reduzido, as contas de energia elétrica e água subiram muito além do reajuste salário mínimo e o desemprego tem rondado essas famílias. 
   A presidente se mostra incapaz de articular e implantar um novo projeto de governo que consiga estancar todas essas crises. Todas as suas tentativas falharam até agora (reforma ministerial, ajuste econômico entre outras) e, agora, sem o apoio irrestrito do PMDB e de outros partidos aliados dificilmente alguma coisa mudará. As manifestações de ontem certamente entrarão para a história, mas é preciso que a população se uma ainda mais para continuar exigindo mudanças. É tempo de esperança. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, segunda-feira. 14 de março de 2016. Publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário