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segunda-feira, 14 de março de 2016

TALENTO QUE SE REINVENTA


                            Bruno Grizzo, carreira
                            internacional a serviço
                           das grifes mais desejadas
                           do planeta  

   Radicado em Nova York , londrinense fecha a marca que leva seu nome e segue no universo da moda com suas ilustrações

   O londrinense Bruno Grizzo poderia ter sido apenas mais um entre os milhões de intercambistas que rumaram para os Estados Unidos para estudar. “Tinha 17 anos, fui fazer o (então) terceiro colegial e não voltei mais”, conta Grizzo, que esteve na cidade natal para visitar a família, como faz todos os anos. Antes de retornar para Nova York, onde mora, conversou com a Folha sobre a bem-sucedida carreira no universo fashion.
   A temporada nos Estados Unidos deveria durar apenas um ano, como é de praxe. Mas ao final do High School ( o equivalente ao nosso ensino médio), Grizzo ganhou uma bolsa de estudos para cursar s universidade de Columbus, no estado de Ohio (região centro-leste norte-americana). “Fui para lá sem saber o que iria fazer, mas sempre gostei de desenho. Acabei ficando cinco anos em Ohio e quando terminei a faculdade de Belas Artes, fui para Paris a trabalho “), lembra. 
   Quando atravessou o Atlântico, Grizzo já mirava o mundo da moda. “Tinha feito uns cursos de especialização em moda e de  design industrial também. Era mesmo o que eu queria fazer”, lembra. Na capital francesa, o londrinense chegou a trabalhar com o estilista Ocimar Versolato. “No começo trabalhei com ele na Lanvin, mas aí ele foi demitido”, contextualiza. Nos anos 1990, Versolato ganhou notoriedade internacional ao assumir a direção de estilo da grife Lanvin. Foi o primeiro brasileiro a conquistar o feito de comandar uma grande Maison francesa.
   Depois de cerca de um ano e sem o visto para continuar por lá, o londrinense decidiu retornar para os Estados Unidos, mais especificamente para Nova York. “Trabalhei como estilista por uns 10, 12 anos, sendo que os três últimos anos foram com minha marca própria”, relata. Entre as grifes pelas quais passou, destaque para Calvin Kein, comandada pelo estilista brasileiro Francisco Costa há 14 anos. 
   “Logo no começo da minha marca já deu certo, saía muito na imprensa, vendia em lojas boas nos Estados Unidos, Japão, Coreia e Europa. Mas no fim era muito trabalho, não aguentei. Financeiramente também era muito difícil e então resolvi parar”, diz. “Na mesma época que fechei, um amigo que trabalhava numa agência de publicidade me pediu para fazer umas ilustrações de moda. Gostaram e me contrataram e aí outros projetos foram aparecendo. Quando eu vi já estava fazendo outras coisas”, explica Grizzo. 
   Sobre a transição, em 2010, o londrinense conta que foi muito natural. “Não sabia ao certo o que faria depois de encerrar a marca então aconteceu a ilustração, fiquei surpreso, mas gostei muito”, afirma. “Sempre quis ter minha marca própria, mas não aparecia o momento certo. Até que passei um ano viajando bastante”, lembra sobre o sabático criativo. “Queria trabalhar para mim mesmo, depois de trabalhar para os outros.”
   “Quando comecei a fazer as ilustrações quase não tinha gente fazendo. Hoje tem muita gente. Mas acho que é algo natural, já que tinha muitas fotos e Instagram. Então as pessoas começaram a procurar a ilustração”, explica Grizzo sobre o diferencial do trabalho. “Mas no começo foi difícil arrumar clientes, eles não estavam preparados”, entrega. 
   Mesmo com uma cartela estrelada de clientes – como a grife de acessórios Kate Spade e a loja de departamentos de luxo Saks Fiith Avenue -, Grizzo não se contenta na zona de conforto. “Tenho usado ilustração com fotografia e também partido para a animação”, avisa. “A geração mais nova busca o movimento. E já comecei a fazer aulas de animação.”
   A edição deste mês da Harper’s Bazaar americana traz um editorial do londrinense como fotógrafo. “Foi meu primeiro trabalho de fotografia. Já tinha feito um curso na faculdade, mas recentemente fiz outro curso”, diz.
   “Já fazia bastante editoriais para as revistas. Fazia muito para a Town & Country, que é da mesma editora da Harper’s Bzaar”, explica Grizzo, que criou um conceito todo especial para mostrar as joias nas revistas, unindo seu traço em aquarela com as pedras e metais preciosos. Acabou atraindo as atenções da alta joalheria, como a Tiffany’s, uma das suas clientes, assim como a italiana Ca&Lou
   “Acho que já fui japonês em outra vida”, brinca o londrinense, que desde 2005 viaja pelo menos uma vez por ano para o Japão. “Este ano serão umas quatro vezes. Estava lá em dezembro e volto este mês. Vou fazer um mural para uma nova loja”, avisa. É do Oriente também que vem a inspiração para as cerâmicas que Grizzo cria e logo vão estar em exposição.
   “Estou em várias frentes”, diz o londrinense, que se prepara para uma mudança de endereço. O alvo é Los Angeles. “Por enquanto vou me dividir entre Nova York e Los Angeles “, planeja Grizzo, de olho na onda artística que anda tomando conta da cidade do oeste americano. “Nova York está ficando muito cara e lá em Los Angeles o tempo é melhor”, sorri. ( KARLA MATIDA – Reportagem Local, caderno FOLHA GENTE, domingo, 13 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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