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quinta-feira, 10 de março de 2016

DOMINGO 13, A INDIGNAÇÃO NA RUA


   O cidadão brasileiro precisa acreditar que a sua força de transformação vai muito além do gesto de confirmar o voto de uma urna eletrônica.
   O cidadão brasileiro precisa acreditar que é capaz de fazer valer a vontade da maioria durante qualquer governo. Para isso, é preciso se unir a todos os outros que também não costumam fugir da luta. 
   O cidadão brasileiro precisa acreditar que uma multidão na rua, com convicções comuns, é o acontecimento que mais amedronta o político desonesto e incompetente.
   Cada grito, cada faixa, cada cartaz, cada passo em sincronia, fazem o mau político – aquele que desafia cinicamente o rigor da lei – lembrar que ali está seu maior adversário, a indignação popular. 
   Desta vez, a data escolhida para uma série de manifestações País afora não poderia ser mais sugestiva: 13. 
   O mesmo número eleitoral do partido que comanda o governo há 13 anos, com sucessivos escândalos, desde a compra de apoio parlamentar – o famigerado Mensalão, passando por financiamentos suspeitos nas campanhas eleitorais, e chegando à instalação de um grupo criminoso no coração da Petrobras, antes uma empresa pública muito respeitada e que hoje se desdobra para recuperar as finanças e a credibilidade perdidas.
   Domingo é 13, como 13 é o número do ex-presidente Lula, acuado diante de tantas evidências de tráfico de influência, crítico dos propósitos e dos esforços da Operação Lava Jato, uma investigação ímpar na história da República. 
   Há mais motivos para agirmos. À desilusão causada por uma gestão corrupta, soma-se o desapontamento com todas as chagas criadas pela ineficiência da política econômica: a recessão, a inflação, o desemprego e a elevação de impostos. 
   É fácil entender os motivos que levam quase dois terços dos brasileiros a classificar o governo de Dilma Rousseff como ruim ou péssimo, segundo a última pesquisa Datafolha, publicada recentemente.
   Se a maioria colocou o PT no governo, hoje quase a totalidade da população já percebeu que o partido tem um único objetivo: perpetuar-se no poder e nele misturar os próprios interesses com o interesse público. 
   O 13 do próximo domingo não tem a tecla confirma. Nas ruas, o povo vai pressionar um grande “Não” contra esta forma de governar, exigindo o aprofundamento de todas as investigações e a punição dos envolvidos, inclusive dos mais poderosos. 
   Nós, os londrinenses, somos um exemplo de como uma mobilização popular, com o envolvimento decisivo da sociedade civil, é eficiente para controlar o comportamento dos governantes. 
   Menos de 20 anos atrás nos erguemos contra a corrupção, resistimos, avançamos e derrotamos os inimigos do povo. Se hoje a cidade vive uma calmaria neste aspecto é porque a população é vista como forte e vigilante por quem a governa. 
   Daquela experiência surgiu a necessidade de se implantar na cidade um órgão de fiscalização permanente. Hoje o Observatório de Gestão Pública tem comprovada eficácia no desafio de controlar as contas municipais. Eis um legado que saiu das ruas para servir às futuras gerações. Portanto, Londrina avisa: o mesmo processo deve e pode se repetir no Brasil. Se você acha que está tudo bem e não há nada a fazer, fique em casa. Nossa democracia permite pontos de vista divergentes. 
   Mas se você é um cidadão que está preocupado com os rumos do País, a marcha contra a corrupção é o seu lugar no domingo. É como ir à urna para dar outro recado. Nada secreto, bem barulhento, para todo mundo ouvir. Nossa democracia precisa disso mais do que nunca. Não hesitemos. (VALTER LUIZ ORSI, presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina, página 2, ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 10 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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