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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

VELHICE


   A velhice chegou como uma nuvem escura sobre o céu. O velho agora mora sozinho. Seus filhos foram levados pela mão da vida chamado destino. Os dias se passam como todos os dias, sempre com a rotina de quem já cumpriu a sua missão ou de quem não tem mais missão para cumprir. Assim o velho convive com sua rotina chamada solidão. 
   Sua casa sempre foi visitada pelos filhos, talvez fosse mais quando eles estavam ainda precisando do velho pai. Que bom que todos eles já conseguiram sua independência. Os vizinhos observam e cuidam do solitário homem, quase abandonado.
   Mais um dia chegou, desta vez é um dia mais especial, o Dia dos Pais, eles sempre vieram nesse dia, talvez não venham sempre, mas sempre vêm no dia dos pais. O dia chegou, demorou e passou, dos muitos filhos apenas um ligou. 
   Uma vizinha do velho homem notou a tristeza pois conhecia tudo que ele havia feito para deixar seus filhos bem na vida, todo seu sacrifício. A vizinha chegou ao entardecer, trouxe um pedaço de bolo e comentou:
- Nenhum de seus filhos vieram hoje?
O velho apenas respondeu:
- Só um ligou.
Fez-se um longo silêncio, depois o velho completou:
- Ele disse que eles não vieram porque os filhos deles deram uma festa para eles. 
A mulher ficou inconformada.
- Mas a festa tinha que ser para o senhor.
O homem bem mais experiente que ela respondeu com a voz embargada: 
- Este ái aqui já deu o que tinha que dar. 
Outra vez se fez um silêncio e a mulher notou uma lágrima escorrer pelo rosto enrugado do pai cansado, que terminou a frase:
- Deixem eles festejarem enquanto ainda são lembrados.
Moral da estória:
“Muitos pais são como páginas que são viradas pelo vento da ingratidão”. ( MANOEL JOSÉ RODRIGUES, assistente administrativo em Alvorada do Sul, página 3, caderno Folha 2, espaço CRÔNICA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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