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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

CUIDAR DA CASA E DO PLANETA


   O saneamento básico e a falta desse serviço em muitas cidades brasileiras, é o foco deste ano da Campanha da Fraternidade, lançada ontem pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e e pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). Mas embora a discussão principal seja saneamento básico, o tema da campanha ecumênica é mais amplo: “A Casa Comum, Nossa Responsabilidade”. E o lema é forte e direto: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.
   A proposta é chamar a atenção para o deficit dos programas de saneamento básico no Brasil, que apesar dos avanços sociais das últimas décadas apresenta índices vergonhosos. Dados divulgados pelo Conic mostram que o Brasil tem mais de 100 milhões de pessoas sem saneamento básico. Publicações de 2013 do Ministério das Cidades têm mais detalhes: somente 39% dos esgotos do País são tratados, 35 milhões de brasileiros ainda não possuem água tratada e mais de 5 milhões de pessoas não têm acesso a banheiros. 
   O fato da Campanha da Fraternidade fazer uma referência à “casa comum” é bastante significativo. O termo foi usado no ano passado pelo Papa Francisco, quando publicou a encíclica Laudato SÍ. A carta do pontífice não é dirigida apenas à comunidade católica, mas a todo mundo, de qualquer religião ou até mesmo para quem não acredita em Deus. E quando o Papa fala da casa comum, ele apela para a saúde do planeta. Desde sua primeira edição, em 1964, a Campanha da Fraternidade busca discutir, anualmente, um problema da sociedade brasileira que prejudica principalmente os mais pobres.
   O saneamento básico é um direito fundamental. É fato que o poder público brasileiro tem deficiência em oferecer esse serviço à população, assim como é certo que muita gente deixa de lado atitudes responsáveis – o destino inadequado do lixo, o mau uso da água são apenas alguns exemplos de como as pessoas se prejudicam e como agridem o meio ambiente. Maltratada, a Terra apresenta os sintomas da agressão: aquecimento global, degradação de ecossistemas, aumento de doenças causadas por poluição e pela ocupação irregular. 
   Como é possível o homem morar em uma casa malcuidada? Isso vale para o planeta, para a cidade e para a casa mesmo. O tema foi bem escolhido pelas igrejas, principalmente por estimular o debate sobre as dificuldades que os mais pobres têm em garantir o acesso a serviços essenciais e também discutir questões sobre sustentabilidade. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br, página 2, quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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