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domingo, 28 de fevereiro de 2016

TECNOLOGIA SOCIAL E MOBILIZAÇÃO NO COMBATE AO AEDES AEGYPTI


   Em tempos de mobilização contra o mosquito, o Brasil e o mundo investem em novas tecnologias para detectar rapidamente e tratar a dengue, chikungunya, zika-vírus e febre amarela. 
   A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), agência nuclear da ONU, anunciou que irá disponibilizar tecnologia nuclear especializada para detecção antecipada de contágios do zika vírus. Equipamentos especializados serão entregues em países da América Latina e no Caribe. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) passa a utilizar, a partir desta semana, um teste desenvolvido para detectar a presença do vírus da zika no sangue, em um prazo de cinco horas, quando o habitual é que o resultado saia em até uma semana. Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) criou o kit NAT Discriminatório para dengue, zika e chikingunya, que permite mais agilidade para os testes na rede de laboratórios do Ministério da Saúde.
   Órgãos e empresas públicas de todo o País, junto com o governo federal, fortaleceram as inspeções nos ambientes internos e externos dos prédios. O Banco do Brasil, por exemplo, reviu os contratos de limpeza e jardinagem para que seja incluída cláusula específica relativa aos cuidados preventivos contra o mosquito e já realizou vistorias em 5.848 dependências. Além disso, o BB ativou sua rede de voluntários, composta por mais de 25 mil pessoas, entre funcionários da ativa e aposentados do banco.
   Temos ainda uma importante alternativa neste momento de esforço, que são as tecnologias sociais, que compreendem produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados à demandas de diversas áreas, alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, meio ambiente, dentre outras, inclusive sobre questões de saúde, como no combate ao Aedes aegypti. No Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil, são 850 soluções disponíveis para todos esses temas. 
   Uma dessas iniciativas é o projeto Dengoso - Utilização de Peixes no Controle de Larvas de Mosquitos, que consistem em reduzir a proliferação do mosquito. Um peixe conhecido como barrigudinho se alimenta das larvas e sobrevive em locais com pouca oxigenação. Trata-se de uma solução que alia saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. A metodologia foi desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Piauí, testada e aplicada em diversos municípios. 
   A solução busca o controle permanente das larvas de mosquitos em pontos estratégicos por meio da visita dos agentes de endemias aos reservatórios a serem tratados. Após verificar o volume total da água desses locais, são feitas estimativas para povoação dos peixes, em substituição ao uso do larvicida. 
   A eficiência no controle das larvas dos insetos nos locais povoados e com adaptação dos peixes é de 100%. Como resultado, observa-se a redução da proliferação do Aedes aegypti em lagoas de tratamento, piscinas abandonadas, águas acumuladas por chuvas ou outros meios. A vigilância e combate aos focos do mosquito devem ser contínuos por meio do engajamento de cidadãos, poder público e sociedade civil. Somente com o esforço conjunto, soluções efetivas e reaplicáveis será  possível vencermos este desafio, e contribuir para o desenvolvimento social do País. ( JOSÉ CAETANO MINCHILLO, presidente da Fundação Banco do Brasil, página 2, ESPAÇO ABERTO, domingo, 28 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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