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domingo, 28 de fevereiro de 2016

ATRÁS DOS SONHOS

   A despeito das dificuldades pelas quais passa o Brasil, há quem esteja indo em busca de realizar projetos pessoais

   Depois de um ano bastante difícil em termos políticos e econômicos, em que os brasileiros sofreram com recessão e desemprego, 2016 começou de forma diferente para algumas pessoas. Acalentando sonhos pessoais ou profissionais, elas puseram mãos à obra e resolveram transformar esses sonhos em realidade. 
   Após três anos de planejamento, finalmente o sonho de viajar pelo Brasil do jornalista Pedro Cruciol vai sair do papel. Em companhia do biólogo Pedro Garcia ele pretende percorrer 30 mil quilômetros, de Norte a Sul, de Leste a Oeste do País, passando por todos os estados. 
   “Vamos visitar diferentes propriedades rurais, conhecer quem produz, como produz, como vivem, o que pensam essas pessoas. Já viajei para muitos países fazendo mochilão, mas tinha me dado conta que não conhecia o meu país. O Bruno tinha esse mesmo desejo, somos amigos de longa data e há três anos vínhamos conversando sobre como fazer isso. Quando o projeto de doutorado dele foi aprovado, decidimos que era hora de colocar em prática nosso projeto “, explica. 
   Com vasta experiência em jornalismo rural, Cruciol pretende documentar em foto e vídeo a realidade agropecuária das principais regiões produtoras, enquanto Garcia irá coletar amostras de um determinado grupo de insetos nos biomas brasileiros, para sua pesquisa no doutorado. Neste momento, em que planeja o roteiro do projeto, o jornalista optou por pedir demissão da empresa em que trabalhava. 
   “O desafio é sincronizar nosso roteiro com o calendário agrícola. Também temos que conciliar a viagem com nossas vidas particulares. A minha família, minha namorada estão aqui, a esposa do Bruno em Manaus, onde ele trabalha. Iremos fazer pausas nas viagens para rever nossos familiares. Não conseguiria planejar tudo isso apenas nos momentos de folga, por isso optei sair do emprego”, justifica. 
   Aliado ao planejamento financeiro de vários anos, os amigos optaram por equipar uma caminhonete com camas e cozinha de forma a reduzir os gastos, já que não terão patrocínio. Cruciol aponta que apesar de ousado, o projeto não custará tão caro quanto as pessoas imaginam e destaca que é preciso apenas dar o primeiro passo para realizar algo. 
   “Quando pedi demissão imaginei que as pessoas iriam me criticar, mas muitos vieram me parabenizar. Acho que todo mundo tem um sonho, mas muitos não têm coragem de realizar. A rotina vai tomando conta do seu dia e as pessoas esquecem da satisfação pessoal, os sonhos vão ficando de lado. É claro que o fato de eu não ter filhos, uma responsabilidade financeira maior facilitou as coisas. Por isso decidi que o momento era agora.”
   Os amigos pretendem sair em viagem ainda neste primeiro semestre e calculam que precisarão de quatro a seis meses para cumprir todo o roteiro. Na volta, Cruciol irá avaliar o material para decidir a melhor forma de publicação. “Pode ser um exposição de fotos, um livro ou um documentário. Não sabemos o que vamos encontrar e as coisas podem mudar no meio do caminho. (ERIKA GONÇALVES- Reportagem Local- Foto: Marcos Zanutto.


UM ATELIÊ PARA CHAMAR DE SEU


   O sonho de Flávia Oliveira Santana sempre foi trabalhar com maquiagem. Quem a vê em seu ateliê recém-inaugurado, formando outros maquiadores, não imagina que ela só foi ter contato com um batom aos 15 anos. “Minha família é evangélica e minha mãe dizia que era pecado. Hoje ela me apoia, mas no início foi difícil. Eu pintava telas e nas minhas pinturas já maquiava as pessoas. Também usava lápis aquarela nos meus desenhos e muitas vezes usei esse lápis no rosto, porque queria estar maquiada. Dava o maior trabalho para tirar”, diz rindo. 
   Quando chegou o momento de fazer o vestibular, ela diz que sua vontade era cursar uma faculdade de maquiagem, que na época só existia fora do Brasil. Flávia então prestou vestibular para Serviço Social, curso no qual se formou, mas nunca atuou na área. Porém, foi durante a faculdade que ela começou a investir em seu sonho. 
   “Eu estudava com o meu marido, na época ainda éramos namorados. Ele sempre me deu bastante força para seguir meu sonho. Uma das coisas que ele me ajudava era que meu pai me dava dinheiro para tirar xerox. Eu usava esse dinheiro para comprar maquiagem e estudava com o xerox que meu marido tinha feito”, conta. 
   Flávia conta que fez seu primeiro curso de maquiagem em 2010, por sugestão do marido. Depois disso, não parou mais. Foram diversos cursos de especialização e Flávia começou a atender a domicílio. “Aos poucos as pessoas foram reconhecendo meu trabalho e montei um espaço na minha casa. Mas queria ter algo próprio, acho que isso traz mais credibilidade e por isso resolvi investir nesse sonho, mesmo com tudo que tem acontecido no País. Depois de alguns meses de planejamento, no início de fevereiro montei meu estúdio, em parceria com uma amiga, que vende produtos para maquiagem, destaca. 
   No novo espaço, Flávia dá cursos de maquiagem e atende clientes. Lá também são gravados os vídeos para seu canal no YouTube, onde ela ensina maquiagem. O próximo projeto é colocar seu site e blog no ar. “É a oportunidade de ensinar quem não pode pagar por um curso. A internet também é uma forma de ajudar a expandir os negócios”, aponta. O próximo sonho? Cursar a faculdade de maquiagem, já que o curso é ofertado no Brasil agora. “Quero investir em qualificação profissional e abrir uma escola de maquiagem.” ( E.G.)

O HOPPY QUE VIROU NEGÓCIOS


   Apreciador de cerveja, há cerca de dois anos o empresário Amadeu Bressan começou a fazer cursos sobre a bebida e a produzir suas próprias receitas em casa. O resultado da experiência era compartilhado com os amigos, que satisfeitos começaram a questionar se ele não iria vender as cervejas. “De tanto falar comecei a considerar a possibilidade de transformar o hobby em negócios. No ano passado resolvi encarar e colocar o produto no mercado”, explica. 
   Em sociedade com o irmão, o também empresário Oscar Bressan, Amadeu procurou por, uma cervejaria especializada em atender cervejeiros ciganos, como são chamados os cervejeiros que produzem em pequenas quantidades, sem fidelidade com uma empresa só. “ Encontramos uma no interior de São Paulo. O processo todo, de procurar  uma empresa com o equipamento homologado até registrar a receita e começar a produzir, levou cerca de seis meses”, afirma o empresário. 
   A primeira edição já está pronta e será lançada oficialmente no mês de março. De início foram produzidos 4 mil litros da bebida, nas versões India Pale Ale e Larger Puro Malte. Dependendo da aceitação do público, outros tipos podem surgir. 
   “Desde que comecei a entender de cerveja e vi a valorização da cerveja artesanal, comecei a pensar em vender. As pessoas hoje estão interessadas em beber menos e melhor, apreciando cervejas mais elaboradas. Por isso fizemos algo menor, não montamos uma empresa grande. Vamos produzir dois tipos agora mas podemos fazer outros sabores, talvez edições limitadas”, vislumbra. (E.G)- Foto Celso Pacheco ( FONTE: FOLHA DA SEXTA, COMPORTAMENTO, páginas 18, 19, 20 e 21, ÉRIKA GONÇALVES – Reportagem Local, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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