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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

PROMETO TE FAZER SOFRER


    
   Nós discutimos muito, não concordamos em quase nada, se digo que é redondo ela retruca que é quadrado Ficamos horas nisso e no fim das contas chegamos à conclusão que é um losango. E é tanto atrito que às vezes acho que somos lados iguais do ímã. Mas quando acho que não há mais jeito, que seria melhor cada um seguir seu próprio caminho, a discussão se extingue, as palavras se evaporam e começamos a falar com os olhos, com o tato, com o paladar, em sincronia, dançando um tango no escuro sem música ou plateia. E completamente entrelaçados, a fusão momentânea de dois corpos, Percebo que somos os lados opostos do mesmo ímã, magnetizados. 
   Poderia ser hipócrita, te prometer uma felicidade ilimitada. Mas sou honesto, prometo de fazer sofrer. Porque o amor verdadeiro é sofrer, é a eterna tentativa de tornar dois corpos um, duas almas uma, e isso é humanamente impossível. Por isso há tanto atrito nas relações, porque por mais que saibamos que ela não existe, ainda buscamos a perfeição. Por isso te prometo sofrer, mas também te prometo felicidade e nenhum dos dois sentimentos será ilimitado ou contínuo.
   Te prometo mostrar verdadeiramente quem sou e talvez você não goste de algumas coisas que veja, mas prefiro isso do que as máscaras de vidro trincadas que as pessoas usam. Prometo tentar te ouvir, mesmo quando a coisa que mais quero é que se cale. Prometo tentar te entender e me colocar no seu lugar mesmo quando acho que esteja errada. Prometo tentar não gritar, mesmo quando a ira ferver meu sangue. Prometo tentar dormir de conchinha, até meu braço ficar dormente e eu não aguentar mais. Prometo tentar dançar a noite inteira com você, mesmo não sabendo dançar. Mas é tudo uma tentativa e posso falhar. 
   Não prometo que o temos será eterno, mas posso prometer que será único, não melhor ou maior, mas diferente de todos os outros. ( RICARDO CHAGAS, orientador de atividades do Sesc em Ivaiporã, página 3, espaço CRÔNICA, quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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