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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O DEPOIMENTO QUE VIROU EVENTO


   O fórum da Barra funda, em São Paulo, deve ser palco de projetos pró e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no próximo dia 17. Será a primeira vez que Lula e a mulher, Marisa Letícia, irão depor na Justiça como investigados. O caso é o já famoso apartamento tríplex no Guarujá, Litoral de São Paulo. O imóvel de luxo é alvo da Operação Lava Jato, mas a investigação que está sendo conduzida pelo Ministério Público de São Paulo é independente e quem solicitou o depoimento do casal foi o promotor de Justiça Cássio Conserino.
   Ele apura a transferência de prédios inacabados da Bancoop ( cooperativa dos bancários) para outras empresas. Uma delas é a OAS , também alvo da Lava Jato. Em resumo, o MP quer saber se Lula ocultou ser dono do tríplex de quase 300 metros quadrados do Condomínio Solaris. Há suspeita de que a construtora OAS, que assumiu o Solaris após a falência da Bancoop, teria usado o prédio para pagamento disfarçado de propina.
   Em um rápido passeio pelas redes sociais é possível perceber os dois lados se organizando em manifestação para 17 de fevereiro. Convocados pelo PT de São Paulo, vários movimentos sociais preparam um ato na porta do Fórum. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), estão entre os organizadores. No Facebook, eventos estão sendo organizados e no twitter o assunto é bastante comentado. O Instituto Lula disse que as suspeitas são infundadas e os aliados do petista estão adotando duas estratégias claras de defesa. A primeira é defender Lula por meio dr vídeos, declarações e manifestações. A segunda é partir para o ataque contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, insinuando que o tucano também adquiriu um apartamento, em São Paulo, que estaria acima de suas possibilidades. 
   Não é a primeira vez que o nome do ex-presidente Lula é citado em esquemas de corrupção. Isso aconteceu o Mensalão, mas o inquérito contra o petista foi arquivado por falta de provas. Na época, o PT usava a estratégia de utilizar os projetos de Lula de redução da pobreza como defesa. Os aspectos positivos de Lula como presidente não podem ser argumentados para que ele não seja alvo de investigação. Se há suspeita, ela precisa ser esclarecida. Tanto no caso do Mensalão, como do tríplex do Guarujá, percebe-se muito mais a preocupação em salvar a imagem de Lula como um mito do que prestar as devidas explicações. É preciso transparência, qualidade rara entre políticos brasileiros, que estão ou que já deixaram os cargos públicos. ( FOLHA OPINIÃO, opiniao@folhadelondrina.com.br, página 2, terça-feira, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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