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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

ELVIRA, A ALEGRIA EM PESSOA

 

   Ivo viu a Uva; eu vi a Elvira Alegre. A mais londrinense das fotógrafas nasceu e São Paulo. Tim e Lili já moravam em Londrina desde 1951, mas Lili não conseguia ser mãe. Fez tratamento durante seis anos com um famoso médico em São Paulo, o Dr. Jutay. Um dia Lili caiu doente: diagnosticaram tifo. Como Lili não melhorava, Tim levou-a para São Paulo. “A sr. Não tem tifo – está é grávida”, disse o Dr. Jutay. 
   Elvira veio à luz com 32 semanas de gestação, após um parto dificílimo no Hospital Pro Mater. Com dois meses de idade foi levada para Londrina, a terra que amaria para sempre e da qual é filha dileta. 
   A família Alegre morou primeiro numa casa de madeira na Vila Siam, depois, mudou-se para a Rua Pará, entre a Pernambuco e a João Cândido. Na mesma rua do Colégio Mãe de Deus, onde Elvira foi matriculada com cinco aninhos. No Jardim da Infância, foi aluna da Irmã Nívea, que morreu no ano passado. “Chorei muito, ela era tão querida. Sim, meus sete leitores: Elvira Alegre chora. “Eu sou chorona, é que nunca ninguém me vê triste.”
   Elvirinha como a chamavam as Irmãs, era ao mesmo tempo uma das mais brilhantes e bagunceiras alunas do Mãe de Deus. Líder nata, estava sempre à frente dos eventos, das festas e das brincadeiras da escola.
   Sonhava ser médica pediatra. Com 17 anos tudo estava preparado para ela prestar o vestibular de Medicina na UEL. Mas o destino quis que ela começasse a fazer fotografias para o jornal Panorama. Apaixonou-se pelo jornalismo e acabou sendo a repórter fotógrafa do Note do Paraná. Em 1975 foi para São Paulo, onde permaneceu por dez anos e trabalhou em vários veículos de imprensa, como o jornal Ex, Aqui São Paulo, Repórter Três e Isto É. Nos anos 80, coordenou a produção do programa Globo Repórter, da TV Globo, na capital paulista. Conviveu com nomes célebres da imprensa brasileira e passou para a história ao fotografar o velório e o enterro de Valdimir Herzog. 
   Elvira tinha um ótimo emprego e um excelente currículo na imprensa paulistana – mas a saudade de Londrina começou a bater forte. Para surpresa de muitos ela decidiu voltar para a cidade em 1985. Dos quatro filhos – Joana, Giovana, João Gilberto e Isabela -, três nasceram em Londrina, e todos foram consagrados à Nossa Senhora no Santuário do Colégio Mãe de Deus. Sim, Elvira é devota da Mãezinha – denominação carinhosa da Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt. “Quando preciso de alguma coisa importante, peço à Mãezinha – e ela atende”, garante Elvira. 
   C. S. Ewis escrevia o substantivo Alegria com letra maiúscula, como se fosse uma pessoa. No caso de Elvira, a nossa Elvirinha, nome é destino. Ela ainda acha que seria uma boa médica, porque ama cuidar das pessoas. De certa forma, sempre fez isso. Fotógrafo não é aquele que escreve com a luz? O ofício da Elvira é iluminar a vida das pessoas. Ela veio à luz para dar luz. (Texto extraído da coluna AVENIDA PARANÁ, por PAULO BRIGUET, página 3, caderno Folha Cidades. Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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