Páginas

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O TROTE NAS FACULDADES DE MEDICINA


   A malfadada e repetida recepção aos nossos futuros colegas não pode ser aceita pelo simples esquivar de responsabilidades por conta das diretorias de ensino. 
   O trote, nos moldes atuais, transformou-se em uma situação abusiva, na qual manifestam insanidades e incoerentes ações repletas de impulsos condenáveis com total desiquilíbrio de razão, de humilhantes atitudes demonstrativas de prepotência, maculando e deturpando, perante a população, a imagem da Medicina dos que a praticam. Os anseios comuns de servir aos doentes por parte de veteranos e calouros, que devem professar o mesmo credo, obrigam àqueles o reconhecimento e respeitoso acolhimento dos aprovados, com aplausos e efusivas saudações pela vitória conquistada por merecimento próprio, após esforço ativo, tensões perseverantes da vontade, abnegação de e familiares. Incoerente e inaceitável, ética e moralmente, é a persistência da prática atual. 
   Em nome do Conselho Nacional de Medicina do Paraná, manifestamos a todos os estudantes de Medicina o repúdio ao trote, que tenha em sua essência resquício de humilhações, preconceitos, assédios ou outras formas de agressões. Assim, é de se recomendar que a recepção aos ingressantes nas escolas médicas tenha conotação entusiástica e de júbilo pela conquista reservada aos vencedores. Numa época de violência, hostilidade e atos inescrupulosos, a sociedade necessita de resiliência. Conciliação e respeito, o que atrairá estabilidade, disciplina e verdadeira humanização no convívio entre as pessoas. 
   Nessa reflexão que deve alcançar todas as escolas formadoras, independentemente da área do saber, é preciso que os professores não se descuidem da conscientização dos alunos sobre os valores éticos inerentes à profissão que escolheram, conduzindo a uma cultura de repulsa a atitudes que incorram em desrespeito. Assim, que sejam estimulados os chamados “trotes sociais”, despertando para condutas de solidariedade, beneficência, dignidade e justiça que se esperam daquele que vai ingressar no mercado de trabalho sob a expectativa de fazer o melhor de si em prol da atenção à saúde da população, no caso dos futuros médicos. ( LUIZ ERNESTO PUJOL , presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná, página 2, ESPAÇO ABERTO, terça-feira. 12 de janeiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário