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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O CORAÇÃO DA TERRA



   Os antigos gregos acreditavam que a sede dos pensamentos e sentimentos humanos era o coração, enquanto o cérebro teria as funções que hoje nós sabemos relacionadas ao músculo cardíaco. Esse equívoco originou o costume de usar a aliança na mão esquerda após o casamento. Segundo os primeiros pensadores gregos, que também estudavam anatomia e fisiologia, a veia que sai da mão esquerda levava diretamente ao coração. Esta pode não ser uma verdade anatômica, mas é uma realidade simbólica. Ao menos no meu caso!
   Se tivéssemos que escolher um coração para Londrina, certamente ele ficaria bem próximo à sede da Folha de Londrina. Hoje, 12 de janeiro de 2016, eu volto a escrever neste jornal, que é um dos maiores patrimônios culturais e afetivos do Norte Paranaense. Sinto-me quase como o filho pródigo da parábola de Jesus. A diferença é que eu não passei esse tempo todo dissipando minha herança, mas trabalhando e escrevendo (verbos que para mim significam a mesma coisa). Meu sentimento é de gratidão por todas as chances e experiências acumuladas. 

POR QUE ESSE NOME?

   Você pode perguntar por que esta coluna se chama Avenida Parana. A explicação está na foto acima, feita por Hans Kopf em 1937. É a imagem da Av. Paraná na altura da Praça Marechal Floriano Peixoto, também conhecida como Praça da Bandeira, entre as avenidas São Paulo e Rio de Janeiro. Diz a lenda que Kopf tirou a foto em cima de uma árvore. Tudo nesse fotograma me fascina: a estrada de terra que hoje e o Calçadão, por onde passo todos os dias; a presença das lojas que ainda existem ou só existem na memória, a floresta no horizonte: a comparação com a atualidade; e a presença enigmática daquele homem que caminha solitário, 79 anos antes de nós. 

A VIA DA ESPERANÇA


   A foto de Hans Kopf retrata a Avenida Paraná em um dia de sol. Todos sabem que nesta época as ruas viravam rios de lama quando chovia: mas o dia ensolarado representa a esperança de dias melhores, essa mesma esperança que o Brasil vive agora, depois de um 2015 que foi um verdadeiro lamaçal. (Vale lembrar que 1937 não foi um ano nada fácil: foi o ano do golpe do Estado Novo, desferido por Getúlio Vargas).
   Nunca saberemos quem é aquele homem. Somos livres para imaginar que é um antepassado nosso. Não sei se ele está indo comprar um remédio na Pharmácia São João ou se pretende visitar a sede da Companhia de Terras (onde hoje está o querido e ferido Ouro Verde em obras). Mas sei que o personagem em foco tem pela frete um lugar muito importante, que é o lugar de todos nós: mais que o futuro, a eternidade. 
   É com o coração cheio de alegria que começo a caminhar com vocês, meus queridos sete leitores, na Avenida Paraná. Espero que esta coluna seja a via que nos conduzirá a coração de nossa terra. ( Coluna AVENIDA PARANÁ, por PAULO
BRIGUET. Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br página 3, caderno Cidades, terça-feira, 12 de janeiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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