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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

SAÚDE NÃO TEM PREÇO


   Saúde, bem-estar e qualidade de vida são assuntos cada vez mais presentes no dia a dia dos brasileiros. O aumento da expectativa de vida, o envelhecimento populacional e a maior incidência de doenças crônicas, como obesidade e diabetes, impulsionou o crescimento do mercado de saúde. Nesse cenário, os exames de análises clínicas são de fundamental importância. Além de essenciais para o diagnóstico e o tratamento de qualquer patologia, eles são úteis também para a medicina preventiva, já que muitas doenças podem ser evitadas antes mesmo de se manifestar ou em seus estágios iniciais. Mas a saúde pública parece não dar a eles o devido valor. A tabela do Serviço Único de Saúde (SUS) que determina os preços de exames realizados pelos laboratórios de análises clínicas não á atualizada há mais de 20 anos. Desde 1994, o valor pago para um exame de glicose – essencial para detectar hiperglicemia, hipoglicemia e diabetes – por exemplo – é de R$ 1,85. Para um exame parasitológico de fezes, o valor é de R$ 1,65. O que fazemos hoje com menos de R$ 2? Imagine então um laboratório de análises clínicas. 
   Além de profissionais especializados para colher, analisar e fornecer um lado sobre os testes, os laboratórios ainda têm custos com toda a estrutura para o atendimento adequado do paciente e com materiais básicos, como seringas, luvas, algodão, reagentes e equipamentos – que são, em sua maioria, importados. Todos estes itens tornam o valor pago pelo SUS irrisório. A tabela atual sequer leva em conta a inflação que tivemos no período. O impacto disto vai muito além da questão econômica. Pequenos laboratórios, principalmente os do interior, não conseguem sobreviver e acabam fechando as portas ou sendo incorporados por grandes grupos. Lá na frente, isso pode causar dano ao bolso do consumidor, já que, na mão de poucos, é o mercado que dita o preço. Mas, mais importante ainda são os impactos na saúde. Sem verbas para investir em tecnologia e aperfeiçoamento, muitos laboratórios não priorizam a qualidade do serviço, o que pode comprometer o trabalho dos médicos. E com saúde não se brinca. (MARCOS KOZLOSWSKI, bioquímico, especialista em bacteriologia em Curitiba, página 2, ESPAÇO ABERTO, terça-feira, 12 de janeiro de 2106, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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