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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A ESTRONDOSA RESPOSTA DA USP


   Finalmente, depois de muitas dezenas de estrondos diários, semanas a fio, vemos a publicação da conclusão dos estudiosos da Universidade de São Paulo (USP) justificando os tremores e rachaduras ocorridos no Jardim Califórnia como sendo por causas naturais, “não obstante a possibilidade de haver interferência humana” que, porventura, tenha concorrido para os resultados danosos, mas que demandariam maiores investigações. Nenhuma palavra para as imensas galerias abertas pela Sanepar para captação de águas do Rio Tibagi, ao lado das quais, bem antes do temporal do dia 11 passado, já haviam sido registradas muitas rachaduras pela imprensa. 
   A frustração dos moradores do Jardim Califórnia que ouviram diariamente barulhos nada semelhantes aos que se conhece de um terremoto, pois eram estampidos diários não registrados em outros locais atingidos pelos sismos, bem como o fato dos abalos sísmicos medidos em Londrina terem sido de baixa intensidade, de 1,1 a 2,1 na escala, só gerando os estrondos notados nas proximidades das imensas galerias da Sanepar, não mereceram sequer alguma menção que legitimasse a nítida sensação do moradores que se os imensos túneis não geraram , pelo menos intensificaram os efeitos dos golpes de aríate constatados “in loco”.
   O mesmo caso já tinha sido verificado, aliás, em idêntica situação em Mandaguari (Noroeste), onde os estrondos só cessaram depois da Sanepar instalar uma válvula de retenção importada da Europa, tudo conforme noticiado pelo jornal “O Diário de Maringá”. 
   Mais estranho ainda as opiniões tão antagônicas de especialistas. De um lado o Geólogo e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), João Paulo Pinese, que defendeu que tudo era só terremoto. Sempre solicitado a opinar e a dar explicações pela Sanepar. De outro, o também geólogo e professor Edison Archella, que sempre declarou, inclusive na imprensa, que os estrondos experimentados somente no Jardim Califórnia e imediações, apesar dos mesmos terremotos de baixa intensidade terem sido constatados em diversas cidades sem os estrondos e danos pré-temporal eram causados por ação humana, tudo conforme registrado no Facebook no grupo público “Estrondos do jardim Califórnia”, com dezenas de registros. 
   Os golpes de Ariéte, que leva esse nome por repetir o som dos estrondos que um aríete fazia contra antigas fortificações, eram sempre a causa mais provável mas agora vamos ter que fazer um “carnê terremoto que não acaba” e conviver com os estampidos até a Sanepar resolver os problemas, enquanto somos obrigados a engolir uma explicação que deixa muitas lacunas?
   Esse laudo que não explica, mas aumenta muito as dúvidas da população atingida, apesar de o Código de Defesa do Consumidor prever a inversão do ônus da prova, a Sanepar dá a sensação de termos sido enganados com meias verdades. Os cidadãos de bem serão simplesmente abandonados à própria sorte ou as tais pesquisas ulteriores, ressalvadas pela USP, serão levadas adiante? Enquanto não sai a resposta duram-se om um barulho desses. ( OTAVIO PAULO GENTA, advogado em Londrina, página 2, ESPAÇO ABERTO, quarta-feira, 27 de janeiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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