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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

SÓ ACONTECE EM LONDRINA




   Desde que aqui chegou a caravana chefiada por George Graig Smith, em agosto de 1929, Londrina tem se caracterizado por acontecimentos insólitos, que ninguém vê em lugar nenhum. A própria existência da cidade, nascida numa época em que o planeta viva uma de suas piores crises com a grande depressão e o avanço do totalitarismo, representa uma espécie de triunfo do impossível. Todos nós somos filhos desse impossível e o amamos profundamente.
   Londrina do céu! Não há muita explicação racional para as coisas que só acontecem aqui. Esses terremotos, por exemplo. Quando eu pensava em tremores de terra, imaginava que eles poderiam acontecer na Califórnia, onde existe a grande falha de San Andreas, responsável pelo grande terremoto que destruiu a cidade de São Francisco há 110 anos. Sou do tempo em que terremoto era na Califórnia, não no Jardim Califórnia. 

   TEMOR E TREMOR 

   Pelo que indicam os especialistas, as causas dos tremores são naturais. Se a Sanepar fosse a causadora dos abalos, seria mais um argumento para privatizar a empresa e acabar com o monopólio no serviço de água e esgoto – mas eu acredito que isso deva ser feito com ou sem tremor. 
   O que não adianta é fazer protesto contra o terremoto. Esse fenômeno é um dos poucos desastres reais que não possuem origem política nem foram urdidos pelo PT. Protestar contra os terremotos é mais ou menos como fazer passeata contra as chuvas de verão ou contra a geada de 1975. O poder público até ajuda, mas não vai fazer milagre. 
   Por falar em poder público, só em Londrina a população vota em um bom prefeito para colocar a casa em ordem e depois elege para sucedê-lo um demagogo populista que bagunça tudo de novo. E só Londrina tem humildade e coragem suficiente para depois caçar o populista.
   Em que outra cidade um avião cai sobre uma Kombi, o mensalão e o petrolão são planejados e o Fórum é evacuado por medo de terremoto? Quando vi os juízes, advogados e funcionários saindo do prédio, pensei nas palavras de São Paulo apóstolo: “Realizai a vossa salvação, com temor e tremor”. (Fl 2,12).

O CÉU QUE NOS DEFINE

Mas o maior milagre está bem acima de nós e muitas vezes não o percebemos. É o céu. Vocês, meus queridos sete leitores, já pararam um minuto para olhar o céu de Londrina e do Norte do Paraná nos últimos dias? Não é um céu de brigadeiro, nem de Photoshop, nem de cine 180 graus. É um céu real, definidor e definitivo. Um céu que nos consola, protege e ilumina. Um céu que nos acolhe – exatamente como nossa terra faz com seus filhos. 
   O céu de Londrina não é um simples cenário para a cidade: é parte essencial dela. Um erudito diria que é um céu ontológico (perdoa a palavra feita para algo tão bonito). Eu, que não sou erudito nem nada, digo apenas que é o nosso sobrenome: Londrina do céu! ( Crônica extraída da página 3, caderno Folha Cidades, espaço AVENIDA PARANÁ – por PAULO BRIGUET. Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.pr, quarta-feira, 27 de janeiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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