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domingo, 27 de dezembro de 2015

UMA ANÁLISE SOBRE COLLOR E DILMA



   Dilma Rousseff e Fernando Collor. É natural que hoje se faça uma comparação entre eles, afinal após a ditadura militar (1964 a 1985), os dois presidentes têm em comum seus mandatos ameaçados por um pedido de impeachment. Collor perdeu por 441 votos contra 38 no dia 29 de setembro de 1982. O pedido de Dilma foi acolhido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em 2 de dezembro, e agora seguem as discussões sobre como conduzir o processo. 
   O impeachment é previsto na Constituição e pode resultar no afastamento do presidente da República que tiver cometido crime de responsabilidade. Dilma e Collor não são os únicos presidentes brasileiros que tiveram seus mandatos colocados em prova por um pedido de impeachment. São três chefes de Estado que enfrentaram esse mecanismo desde 1945. O mandato de Getúlio Vargas foi ameaçado em 1954, mas ele venceu na Câmara por 136 votos contra 35. Getúlio passou pelo impeachment, mas não sobreviveu à crise política e dois meses depois se suicidou. 
   Voltando às últimas três décadas, é importante que uma análise seja feita sobre os dois processos. As acusações que pairam Dilma são bem diferentes daquelas que provocaram o afastamento de Collor. Assim como é diferente, hoje, a situação do País. Collor enfrentava uma inflação altíssima e descontrolada, muito maior que a de hoje, assim como uma taxa de desemprego mais alta que a atual. Eleito por um partido pequeno, o PRN, não tinha apoio no Congresso e nem de entidades sociais. Em peso, os brasileiros saíram às ruas gritando “fora Collor”. 
   Por outro lado, Dilma faz parte de um partido grande, coligado com outros de forte expressão, ou seja, tem apoio no parlamento. Também conta com sustentação social. Além disso, especialistas não são unânimes quando analisas as “pedaladas fiscais” de Dilma em 2014, principal acusação contra ela. Muitos defendem que a presidente não pode ser punida por atos cometidos no governo anterior. 
   A discussão em torno do pedido de impeachment de Dilma deve se arrastar por um período longo em 2016. A FOLHA traz, hoje, reportagem de análise sobre os dois momentos políticos. Não é possível prever um desfecho. Mas, independente da continuidade ou não do processo de impeachment contra a presidente, o Brasil precisa encontrar novamente o caminho do desenvolvimento. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br, página 2, domingo, 27 de dezembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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