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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

UM CRIME MOTIVADO PELA IGNORÂNCIA

  
   O problema da intolerância religiosa foi bastante discutido no final da semana, em Londrina, durante o 7º Encontro Municipal da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde e o 4º Encontro Municipal de Mulheres de Axé. No  Brasil, seguidores de religiões afro-brasileiras (aquelas que foram trazidas pelos escrevos), infelizmente, tem muita histórias de preconceitos para contar. E algumas dessas histórias são bastante tristes, como a da mãe de santo Yá Mukumbi. A mãe e a neta dela foram assassinadas em casa por um vizinho em agosto de 2013, em Londrina. No Rio de Janeiro, uma menina de 11 anos foi apedrejada ao sair de um culto de candomblé em junho desse ano. Naquela ocasião, o Centro da Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos (Ceplir) ligado à Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, informou que recebeu em dois anos e meio, quase mil denúncias de casos de intolerância religiosa. 
   Lideranças que participaram dos encontros em Londrina disseram que os episódios envolvendo a intolerância com as religiões estão aumentando em todo o país. Elas não apresentaram números , mas explicaram que a sensação é de que o preconceito vem crescendo nem mesmo as crianças são poupadas, principalmente quando usam as roupas tradicionais características das religiões. A vizinhança chega a atirar pedras nos terreiros. 
   A ignorância é a principal razão da intolerância religiosa. O desconhecimento sobre as tradições das crenças afro-brasileiras leva muita gente a criar uma ideia negativa sem ter curiosidade de conhecer, mesmo que superficialmente, o candomblé e a umbanda, por exemplo. 
   As discussões geradas nos dois eventos vai resultar em um documento que será enviado às autoridades municipais, estaduais e federais. O Brasil é um país de estado laico. Isso quer dizer que não há uma religião oficial brasileira e o Estado se mantém (ou deveria) neutro e imparcial às diferentes religiões. Significa também que dogmas religiosos não devem (ou não deveriam) influenciar na governabilidade. O tratamento igualitário a qualquer cidadão, independente de suas crenças, também é assegurado pela Constituição Federal. 
   As denúncias de intolerância religiosa que chegam às autoridades públicas precisam receber a devida atenção. O preconceito e a perseguição são crimes e ferem a liberdade e a dignidade humana. ( FONTE: FOLHA OPINIÃO opiniao@folhdelondrina.com.br, página 2, quinta-feira. 17 de dezembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA

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