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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS E CONSCIENTIZAÇÃO


   A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) lançou uma campanha de conscientização para o Natal deste ano em sua página na internet e nas redes sociais. A entidade incentiva os brasileiros a aproveitarem que suas famílias estão reunidas no fim do ano para avisarem que são doares de órgãos. A ABTO sabe que não é a falta de estrutura de hospitais a principal dificuldade para a realização de transplantes de órgãos no Brasil, mas a recusa dos familiares em autorizarem a doação. 
   Para se ter uma ideia do tamanho do problema, segundo a Central Estadual de transplantes do (CET-PR), de janeiro a novembro de 2015, o Estado registrou 720 mortes encefálicas, mas apenas 270 famílias concordaram com as doações.
   Isso quer dizer que neste ano de 2015, quando o Paraná bateu recordes com 495 órgãos transplantados até o mês de Novembro, o número de vidas salvas poderia ter sido bem maior. Trata-se do maior número de transplantes realizados desde que CET foi criada, em 1995. Se comparado ao mesmo período de 2011, em que foram feitos 279 procedimentos, o aumento quase chega a 80%. Nesse número estão incluídos apenas os transplantes de órgãos: coração, fígado, pâncreas e rim.
   Cerca de dois mil paranaenses estão na fila de espera por um órgão. Qualquer pessoa é um doador em potencial. Não é preciso deixar o desejo registrado por escrito. Mas é importante avisar os familiares. Um estudo realizado pela Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) buscou mapear aas razões da recusa familiar. O principal motivo é que boa parte das família não compreendeu o conceito de morte encefálica. Em segundo lugar ficaram as crenças religiosas.
   O estudo apontou uma questão interessante. Apesar da falta de conhecimento técnico sobre morte encefálica, as chances da família de um paciente concordar com o procedimento aumentam com a capacidade dos profissionais de saúde criarem empatia durante a entrevista em que a doação é solicitada. A solução pode estar aí: conscientização da sociedade e melhor preparo das equipes de saúde. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br, página 2, terça-feira, 29 de dezembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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