Páginas

sábado, 19 de dezembro de 2015

TODA A POESIA DE ADÉLIA PRADO



   Autora completou 80 anos e volta às prateleiras com Poesia Reunida, lançada pela Editora Record

   Adélia Prado completou 80 anos no dia 13. Uma das principais poetas contemporâneas do Brasil, a mineira dispensou qualquer tipo de festa, preferindo ficar ao lado da família em Divinópolis, onde nasceu. A data só não passou em branco graças aso lançamento de uma nova versão de Poesia Reunida (Record), luxuoso volume com todos os poemas de seus oito se formar em Filosofia. Os primeiros versos foram escritos aos 15 anos  mas o primeiro livro, Bagagem. Foi lançado apenas em 1976, quando estava com 40 anos. A estreia, na verdade, revelou uma  poeta já formada. “Não existe transcendência sem passar pela cozinha e o banheiro, por isso é que a literatura é suja, incompleta, com excrementos”, disse ela em 2010. ( ESTADÃO CONTEÚDO).

   SERVIÇO: Poesia Reunida – Poemas de Adélia Prado . Editora Record. 544 páginas,
R$ 70

   Entrevista        Adélia Prado – Poeta

   “Penso na morte todo santo dia”

Há figuras que te assombram  e que a senhora utiliza na poesia?

   A vida me assombra. Qualquer coisa é a casa da poesia.

A senhora disse que sua poesia vem da memória do passado e do futuro.  Por quê?

   Memória do futuro são desejos. Realidades que intuímoe aida não se fazem presentes. Temos saudades delas. A meu ver, trata-se de experimentar a poesia fora do poema.

A senhora pensa na morte?

   Penso na morte todo santo dia. Ela me ajuda a viver do melhor modo possível. Não há nisto nenhuma morbidez pelo contrário, estimula bastante. É parte intrínseca  da vida.  Como ignorá-la sem prejuízo para nós?

Por que vivemos tempos tão cheios de desgosto?

   Porque um tempo ausente de valores espirituais é um tempo de fastio e desatenção. Alimenta-se de amargura e tédio, que tentamos neutralizar com a estridência de tiros e espetáculos de sangue.

O mal é aliado da literatura?

   O mal é aliado de si mesmo. Pertence-nos de maneira original. Nascemos com ele. É constitutivo de nossa humanidade. Deve ser combatido primeiro em mim. Uma literatura que o ignore não pode ter esse nome. Como contraditório do bem , possibilita o nascimento da consciência.

Observando a própria obra em Poesia Reunida  como se sente?

   Eu me sinto como leitora e às vezes me pergunto admirada: como fui capaz de escrever isso, tão melhor que eu? Acho que mais propriamente os versos codificam a experiência. Toda arte faz isso, para que a vivência de cada autor possa ser oferecida sem as vicissitudes do tempo, cristalizada na “forma”, na sua unidade, portanto. E o faz não apenas com os momentos chamados importantes. A poesia tem a ver com a morte, que faz parte da vida. Tudo lhe diz respeito. ( FONTE: Página 25, cultura, LITERATURA, quinta-feira, 17 de dezembro de 2015, publicação do JORNAL DE LONDRINA

Nenhum comentário:

Postar um comentário