Páginas

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

'SEM MUDANÇAS BRUsCAS'

  
   Discurso em cerimônia de posse de ministro ou outras autoridades públicas tem sempre um tom forte, poderoso e combativo. “Agora vai”, podem inclusive acreditar alguns. No caso da substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda, segunda-feira, o clima de otimismo perdurou enquanto duraram os pronunciamentos da presidente Dilma Rousseff e do novo titular da pasta. Pouco depois, o mercado reagiu negativamente e o dólar fechou em alta passando os R$ 4. É a prova de que promessas e boas intenções não bastam para conquistar a confiança necessária. Barbosa até disse o que o mercado queria ouvir, que ele vai focar sua atenção na redução da inflação, perseguir a meta fiscal do próximo ano e priorizar a reforma da Previdência focando na questão da idade mínima para aposentadoria. Mas foi recebido com desconfiança. Dilma também não conseguiu convencer quando, em um discurso de 12 minutos, repassou para a nova equipe econômica três orientações imediatas: trabalhar com metas realistas e factíveis no sentido de construir credibilidade; fazer o pagamento da dívida pública e, por fim, buscar a retomada do crescimento. O problema é que entre os três objetivos, parece que única novidade é justamente estipular metas realistas. Muito já se falou em dívida pública e retomada do desenvolvimento, mas até agora, nada surtiu efeito. Lembrando que Nelson Barbosa não é nome novo no governo do PT e até a semana passada ele estava à frente do Planejamento. Vencer a desconfiança do mercado e mostrar que é capaz de tornar realidade as promessas que faz é o primeiro desafio do novo ministro. Para tanto, ele terá que mostrar que é capaz de ajudar a presidente Dilma a articular sua base de apoio no Congresso. Sim, porque tudo o que ele está prometendo dependerá de aprovação no parlamento. O primeiro sinal de que essa negociação não será fácil foi justamente a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em manter o recesso dos deputados federais até fevereiro. O governo defendia que deputados e senadores interrompessem as férias em janeiro para concluir o mais rápido possível a análise do processo de impeachment e então partir para outros projetos importantes. Como se a situação do País estivesse ótima e o desenvolvimento da nação não passasse pelo Congresso, os parlamentares decidiram manter as férias intactas. ( FOLHA OPINIÃO opinao@folhadelondrina.com.br página 2, quarta-feira, 23 de dezembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário