Profissionais de saúde procuram entender as baixas taxas de cobertura dos programas de imunização em adolescentes. Essa foi uma das principais discussões entre os médicos de vários estados brasileiros e de outros países que participaram do 9º Congresso da Sociedade Mundial de Doenças Infecciosas Pediátricas, no Rio de Janeiro. Segundo os especialistas, a imunização dessa faixa etária é um grande desafio para a saúde do mundo, já que estudos revelam que o índice de adesão desse grupo é baixo, colocando uma parcela de adolescentes e adultos jovens suscetíveis a doenças que já são imunopreveníveis, como hepatite A e B, meningocócica e HPV (sigla em inglês do Papilomavírus Humano), vírus sexualmente transmissível que pode causar o câncer de colo de útero. A vacinação contra o HPV tem encontrado resistência nas famílias brasileiras. Em entrevista à FOLHA, a gerente de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Londrina, Sônia Fernandes, disse que uma das hipóteses é cultural, pois a vacina está associada ao início da atividade sexual. A divulgação de possíveis eventos adversos ocorridos com a aplicação das primeiras doses também pode ter causado preocupação. Outro fato pode contribuir para que as famílias criem ainda mais resistência. O Ministério Público Federal em Minas Gerais ajuizou, na última quinta-feira, ação civil pública pedindo que a Justiça Federal proíba a rede pública de Saúde de aplicar a vacina contra o HPV em todo território nacional. A ação também pede a nulidade de todos os atos normativos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que autorizaram a importação, produção, distribuição e comercialização da vacina no País. De acordo com a ação, não existe comprovação de que a vacina seja eficaz contra o câncer de colo de útero, além de não haver estudos apontando seus efeitos colaterais. A Secretaria de Saúde de Londrina reforçou que a vacina de HPV é bastante segura sendo inclusive recomendada por vários organismos internacionais, incluindo a agência CDC ( Centros de Controle e Prevenção de Doenças) do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. O câncer de colo de útero é o terceiro mais comum entre as mulheres. Justificativa mais que suficiente para que qualquer dúvida sobre a vacina seja esclarecida de forma rápida. Só assim os pais terão informações suficientes sobre os benefícios e riscos do produto e poderão tomar uma decisão consciente. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, terça-feira, 22 de dezembrode 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
Nenhum comentário:
Postar um comentário