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sábado, 19 de setembro de 2015

O BEM EO MAL




   “Deus,  sendo bom, fez todas as coisas boas. De onde então  vem o mal?” Esta conhecida pergunta do notável pensador cristão que viria a ser sagrado como Santo Agostinho foi estampada com destaque pela revista Veja, ante o penoso episódio do menino sírio de três anos, encontrado de bruços na praia, afogado que foi pelas águas juntamente com a mãe, um irmão e tantos refugiados que se lançaram ao mar em precárias embarcações, fugindo da insensatez dos homens de seu país em guerra. E ademais sujeitos à exploração dos barqueiros, que barrotam o mais que podem as precárias embarcações e cobram caro pela travessia. A resposta àquela indagação não é outra senão a de que é o homem artífice do bem e do mal .Para isso Deus concedeu-lhe o livre arbítrio, e, portanto, não interfere nas decisões humanas. Porque a vontade divina é que o homem faça suas próprias vontades, individuais e coletivas.
   Aquele expoente do cristianismo deve saber agora, da dimensão em que se encontra, que se Deus fosse regente dos  comportamentos  do homem não permitiria os morticínios que abalam o mundo desde os primórdios da civilização, nem as doenças, nem a criminalidade, nem os exploradores, nem os tiranos, nem as misérias sociais. O direito do livre agir foi uma concessão de Deus aos seus filhos terrenos – para que crescessem pelo próprio experimento – mas essa grça é também um ônus que implica em responsabilidade, eis que também lhes foi concedida a faculdade do discernimento.
   Recorda-se que o papa Ratzinger fez a pergunta similar quando, ao visitar o campo de extermínio de Auschwitz , indagou: “Onde estava Deus nessa hora”. A resposta óbvia é que Deus estava lá, presente nesse sinistro palco de acontecimentos, e não iria impedir que os homens  fizessem, o que era da vontade deles fazer. Os atos de barbárie ainda vigorantes nesse vale de lágrimas só deixarão de existir quando o  homem desejar, e essa decisão será apenas dele. Maas pelo baixo grau evolucionário em que se encontra, precisará ainda trilhar por um longo caminho até sua mente se abrir para a inspiração divina e ficar iluminada pelo despertar da consciência. Deus olha por ele, e aguarda. ( WALMOR MACCARINI, jornalista em Londrina, página 2, ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 17 de setembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).    

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