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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

TRISTEZA DESVALORIZADA

Num mundo e num momento onde todos parecem ter a obrigação de estarem bem, tirando selfies adoiadados, postando suas alegrias nas redes sociais, a tristeza não tem mesmo vez. Estar triste parece até coisa de outro mundo e que muitos sabem que necessitam repudiar. Afinal, tristeza é equiparada ao fracasso e ninguém quer se sentir ou viver o fracasso.
   Mas é possível um mundo sem tristeza? Ele seria melhor? Apesar de inúmeras pessoas acreditarem que um mundo sem a tristeza seria bem melhor a verdade é que é preciso ficar triste, saber se entristecer. Sem a tristeza jamais conseguiríamos elaborar nossas perdas, nossos lutos e nunca nos tornaríamos verdadeiramente humanos. Sem tristeza seríamos maníacos.
   Por maníaco entende-se alguém que, freneticamente, fica pulando de uma atividade a outra,   de um interesse ao outro, sem nunca poder elaborar, assimilar e dirigir bem o que está vivendo. Em outras palavras, seríamos idiotas. No entanto, ao se entristecer podemos parar para pensar sobre o que nos ocorre na vida e as experiências vividas se tornam então material para crescimento. Aprendemos com a experiência e com as dores que a vida sempre faz questão de nos fornecer. A sabedoria de saber se entristecer está em falta ultimamente.
   Saber entristecer não implica em entrar numa depressão patológica. Esta é um estado mental empobrecedor e danoso onde a vida fica desinvestida. Não há aprendizagem, mas apenas um deserto estéril. Já se entristecer é um momento para refletir e entender o que está acontecendo internamente. Na animação da Pixar,” Divertida Mente”, fala justamente da importância que a tristeza desempenha em nossa saúde mental. A tristeza é uma oportunidade para nos reorganizarmos psicologicamente e não uma inimiga para combatermos e depreciarmos.  (SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, ´psicoterapeuta em LONDRINA, página 2, FOLHA OPINIÃO, ESPAÇO ABERTO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, quinta-feira, 20 de agosto de 2015)

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