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sábado, 8 de agosto de 2015

MUDANÇA DE ÉPOCA E ‘NOVAS GERAÇÕES’

        


    Tamanhas são as transformações que vêm ocorrendo em nossos  tempos, que já se tornou um fato comum dizer que estamos não apenas numa época de mudança, mas numa  “mudança de época”. As mudanças socioculturais vêm trazendo novas interpelações para todas as áreas do conhecimento humano.
   Com as juventudes não poderia ser diferente. Sobretudo os jovens são balançados pelos fortes ventos desta (pós) modernidade que estamos vivendo. Neste contexto, as “novas gerações”já trazem em si as marcas destes novos tempos, têm seu modo de ser, de vestir, de de se comportar, de lidar com os meios eletrônicos. Elas questionam as instituições e nos levam a discutir as perspectivas para o futuro da vida humana e da vida no planeta. Como na música “O amanhã”, de Simone, “O que será do amanhã, como vai ser o meu destino”.
   A natureza é uma escola. Assim, é bom lembrar que chega um tempo em que os canários entram na “muda”, tempo em que caem penas velhas e as novas ainda não nasceram. Nesse tempo eles perdem sua beleza, ficam mais enfraquecidos, de cabeça baixa, perdem o ânimo de cantar e precisam de uma alimentação mais nutritiva para resistir as transformações desta fase. Contudo, as penas novas sempre surgem ainda mais belas  e macias que as anteriores. Então eles voltam a cantar, agora de roupa nova.  Trata-se de um processo natural e necessário para que continuem a ser o que são.
   Como os canários, também as juventudes entraram  na “muda”. Apesar de sua exuberante beleza estética,  muitos não veem a beleza da vida dos jovens. Nesta mudança de época, as sólidas roupagens das suas estruturas estão caindo. As instituições estão envelhecidas e já não conseguem responder aos novos tempos. As penas velhas estão caindo, mas ainda não surgiram as novas alternativas. Daí a perda do fascínio pelos valores, pela política, pela religião, pelas coisas do Estado e até pelo futuro.
   Há um enfraquecimento dos grandes ideais, das propostas de mudança do mundo e grande decepção diante da realidade. Não raro isto conduz a uma fuga do mundo, fuga do compromisso, fuga da realidade, e há muitos meios para isso: drogas, sexualidade desregrada, violência, gangues, onde o que conta é o “aqui e agora”.
   É tempo de sofrimento, mas não de desesperança. À semelhança dos canários, precisamos de nutrientes que  nos fortaleçam  na crise até que as penas dos tempos novos cresçam. Até que se processe  as devidas e profundas transformações para que as juventudes recuperem ou refaçam as raízes primeiras que dão sentido à sua existência.
   É na crise que se gesta o novo, e os jovens são e serão os protagonistas da nova sociedade. Permanece a certeza de que Deus não nos abandona, mas que faz história conosco. “Há uma esperança para o teu futuro”. (jr. 31,17). E assim como ele nos chama, também nos guia, Que tenhamos sempre ouvidos atentos, ouvidos de discípulos (cf. Is 50.4) para podermos ajudar nossos jovens.
   Afinal, vivemos junto a uma nova geração e o futuro, que se gesta no presente, passa pelas nossas mãos, nossas ações, escolhas e decisões. Estamos numa grande mudança de época. ( FONTE: jornal O LUTADOR. 1º a 10 de Dezembro de 2014, página 10, espaço JUVENTUDE).

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