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sábado, 8 de agosto de 2015

A FAVOR DE NÓS MESMOS...



   Desde minha infância ouvi um ditado que ficou gravado na memória e que sempre volta  à mente  diante de algum abuso à natureza:  “Deus perdoa sempre, o homem perdoa às vezes, a natureza não perdoa nunca”.
   Talvez muitos pensam que isso é um exagero, mas temos de ponderar algumas coisas, pois a cada dia nos deparamos com situações adversas que nos preocupam cada vez mais: O excesso de calor, como nunca tínhamos visto antes, o problema da falta d’água que atinge sempre mais Estados do Brasil, o descontrole das chuvas, enchentes que também matam e causam grande destruição...
   Há um claro desequilíbrio na natureza que nos afeta diretamente. O avanço do monstruoso desmatamento, fruto dessa insaciável ganância e desmedida fome de lucro, está na raiz deste descontrole. A situação vai se agravando cada vez mais e passa a exigir um esforço conjunto de somar as forças sociais, reunir um grande mutirão para salvar não apenas a natureza, pois está em jogo a própria vida da humanidade. Trata-se de tentar salvar a humanidade: “Salvar o homem todo e todo homem”  (Santo Irineu).
   Não queremos aqui fazer apologia ao caos, mas os sinais estão diante dos nossos olhos. A Amazônia é de importância vital não apenas para a América Latina, mas para todo o planeta. É uma grande bênção de Deus para todo o mundo, uma fonte de vida que não pode ser reduzida a princípios meramente econômicos e financeiros. Repetidamente os estudos, as pesquisas sérias nos aponta que o destino da vida humana está cada vez mais atrelado ao destino da Amazônia, ao destino da natureza. O que fizermos ou deixarmos de fazer em relação à natureza incidirá diretamente sobre o destino da humanidade. E, recordando o ditado, “a natureza não perdoa”...
   Além disso, nossa vida só tem sentido com a perspectiva de futuro, onde estão nossos sonhos, nossos desejos de realização, nossa vontade de ir sempre mais longe. Porém, a destruição da natureza e suas conseqüências matam também os sonhos e as perspectivas de futuro. O que está geração deixará para as próximas? Que futuro estamos construindo? O que podemos prever para daqui a cinquenta  ou cem anos? O que os filhos e netos desta geração poderão dizer a nosso respeito?
   Urge mudar a mentalidade, mudar as ações, repensar nossa prática e nossas atitudes. Vale lembrar que cada ação, por mais isolada que pareça, interfere no todo do planeta. Quer para a preservação, quer para a depredação, qualquer ação interfere a favor ou contra a vida. Temos diante de nós dois caminhos diferentes: vida e morte. Cada ação nossa ou favorece a vida ou reforça a morte. Não há meio termo, não há isenção.
   A ordem de Deus é que nossa escolha seja a favor da vida (cf. Dt 30,19). E nisso a natureza  é generosa, basta um mínimo de condições e ela se recompõem. Vamos reforçar nossa  luta a favor da vida, a favor da humanidade, nossa luta a favor de nós mesmos e do nosso futuro... E isso pra começo de conversa; (FONTE: jornal O LUTADOR, 1º a 10 de Dezembro de 2014, página 2, Opinião – Editorial).

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