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sábado, 27 de junho de 2015

JUROS EXAGERADOS E AJUSTE FISCAL



   Na atual conjuntura de crise, é inútil a contínua elevação da taxa de juros, pois os efeitos na contenção dos índices inflacionários vêm se mostrando nulos, enquanto os danos à economia,  às empresas e às famílias torna-se cada vez mais graves.  Embora  há meses a Selic tenha superado a alta barreira dos 13%, não se observaram ainda efeitos práticos quanto ao recuo da inflação, mas o impacto nos setores produtivos tem sido grande.
   Neste momento de retração, as sinalizações da política econômica são importantes para estimular uma reação ou retroalimentar a crise.  Quando o Copom mantém juros muito elevados, com a maior taxa real do mundo, a leitura do empresariado e dos consumidores é a de que as próprias autoridades monetárias estão jogando a toalha, descrentes na capacidade de o Brasil vencer o combate contra a recessão.
   Não podemos ser nocauteados pelos nossos próprios erros!Teria sido importante que o Copom reduzisse substancialmente a taxa. Uma Selic menor passaria à sociedade mensagem de confiança na política econômica, na capacidade de superação do país e no ajuste fiscal em curso (este sim, se aplicado de modo correto, é ferramenta eficiente contra a inflação). Ao mantê-la em níveis tão elevados, o Comitê negou implicitamente tudo isso, contribuindo para um efeito psicológico de agravamento das dificuldades.
   Em tempo: na sondagem do primeiro trimestre, o Índice de Confiança da indústria gráfica apresentou queda de sete pontos em relação ao quarto trimestre de 2014, atingindo o índice de 41,1 em uma escala de O a 1OO; cálculos da Abigraf Nacional, entidade representativa da atividade com base na Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, mostram que a produção física do setor recuou 3,7% no acumulado de janeiro a março, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Está redondamente enganado quem imagina que os juros estratosféricos, dentre outros fatores, nada tem a ver com tais indicadores. (Texto escrito por LEVI CEREGATO presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica, página 2, ESPAÇO ABERTO, FOLHA OPINIÃO  publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado, 27 de junho de 2015).

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