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domingo, 31 de maio de 2015

MEDALHA DE ‘OURO’


   2014 foi o ano em que bilhões da nossa receita viraram fumaça na construção de estádios de futebol superfaturados e obras paralisadas que se tornaram símbolo da má gestão dos recursos públicos. Afinal, tivemos a Copa do Mundo mais cara de todos os tempos. Em 2016 sediaremos as Olimpíadas e, infelizmente, mais uma enxurrada de dinheiro descerá pelo ralo. As evidências já estão aí, mas muita gente prefere fingir que não está vendo, talvez por interesse, quem sabe, por ingenuidade, o que é difícil, mas são notícias que sites e blogs de observadores conceituados estão divulgando e não podem ser desconsideradas, pois estão fundamentadas em farta documentação, dentre elas algumas sentenças judiciais. O dinheiro destinado ao fomento olímpico está sendo usurpado por quadrilhas especializadas em mascarar convênios, manipular licitações e adulterar prestações de contas, usando para isso as entidades desportivas nacionais (confederações) de várias modalidades.
   O Ministérios dos Esportes, Banco do Brasil, Petrobras – como se já não bastasse o petrolão – são os alvos principais desses estelionatários que criam empresas fantasmas para esquentar a documentação necessária ao golpe. O único consolo é que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal já identificaram os quadrilheiros que, em breve, deverão estar atrás das grades. As entidades citadas nas matérias mencionadas são as confederações de Taekwondo, Tiro com arco, Tiro Tiro Esportivo, Tênis, Basquete, Vôlei e outras que continuam sendo investigadas.
   Asa fontes informam que a trama só foi descoberta a  partir de uma denúncia de fraude na aprovação do estatuto das Confederação Brasileira de Taekwondo, supostamente aprovado no ano de 2012, o que gerou um processo que resultou numa sentença anulatória do referido documento e todos os atos praticados desde a data da sua aprovação fraudulenta.  Sentença essa que foi homologada pelo colegiado de desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no dia 27 de abril. Durante a investigação do referido ato verificou-se que alguns documentos acostados referiam-se a ligações com pessoas suspeitas, motivando uma ação da Polícia Federal, batizada de Operação Contragolpe, que computadores e documentos contábeis na sede da referida entidade dirigente no Rio de Janeiro e, através deles, chegaram aos demais suspeitos. Há, por exemplo, uma empresa listada como importadora de equipamentos eletrônicos, mas que na verdade não passa de uma distribuidora de bebidas com sede no bairro de Bonsucesso. Estima-se que os valores desviados chegam  à cifra de R$ 20 milhões, podendo ser muito mais.
   Os desenlaces desse mote podem estar bem mais perto de nós do que imaginamos. Muitos projetos sociais / esportivos que se valem da égide de preparar futuros campeões olímpicos  entre crianças e adolescentes na periferia das nossas cidades, financiados com recursos do Ministérios dos Esportes e contrapartida de verbas estaduais e municipais podem também estar contaminados. Por essa razão, devemos estar atentos, tornando-nos ficais da aplicação do nosso dinheiro para garantir os nossos direitos. Se nada fizermos, nada teremos a comemorar com as Olimpíadas. Infelizmente! A tocha estará acesa em nosso país, mas estaremos envolto na escuridão produzida  por inescrupulosos que, em nome do esporte, prometem elevar-nos ao Olimpo, usurpam o dinheiro que seria melhor investido para salvar vidas em hospitais públicos, no bem-estar e segurança da população  ou para educar crianças. Diante desse quadro não vale a pena conquistar medalhas, pois elas não terão valor algum. Serão como a perita aurífera, o ouro dos tolos, que brilha, mas não tem nobreza alguma! ( Texto escrito por JAIR QUEIROZ, pós-graduado em segurança pública e esportiva em Londrina, página 2, ESPAÇO ABERTO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado, 30 de maio de 2015).

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