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quarta-feira, 20 de maio de 2015

BIOTECNOLOGIA; UMA FERRAMENTA TECNOLÓGICA



Desde que o mundo é mundo é natural que uma nova tecnologia seja vista com receio pela sociedade e combatida pelos céticos ou mal informados. Em 1904, por esemplo, a revolta da vacina teve como causa principal a obrigatoriedade da vacinação, gerando incredulidade na população quanto suas propriedades científicas. Outro problema se deu com a fertilização in vitro nos anos 70, procedimento referenciado na época como uma transgressão às leis naturais. Após algumas décadas,  essa tecnologia permitiu o nascimento de cerca de cinco milhões de bebês, segundo dados da Sociedade Europeia  de Reprodução Humana e Embriologia.
   Embora levado à mesa de milhões de pessoas há mais de 20 anos, o alimento produzido a partir de grãos transgênicos ainda é visto por alguns consumidores como algo inapropriado, que pode causar malefícios  à saúde e uma ameaça ao meio ambiente. Vale lembrar que já faz muito tempo que não comemos mais as  plantas do Jardim do Éden. O melhoramento das plantas começou na pré-história e não parou mais. Em outras palavras, a nossa dieta é composta por plantas que foram selecionadas e geneticamente melhoradas num processo contínuo. Nesse sentido, a moderna engenharia genética da transgenia são ferramentas nesse processo. Como consumidores devemos muito a essa evolução. Do contrário, não teríamos chances de sobrevivência.
   Hoje a engenharia genética permite que as plantas sejam melhoradas. No jargão científico significa transformada pelo uso de métodos precisos que conseguem, por exemplo, um ou mais genes na espécie agrícola de interesse. A agricultura moderna tem um desafio colossal: segundo dados da Organização Unidas para Alimentação (FAO)  e  Agricultura até 2050 será necessário aumentar em 60% a produção de alimentos. A engenharia genética ou biotecnologia vegetal colocam-se entre as principais tecnologias que ajudarão os agricultores nessa jornada. Um exemplo evidente é o das plantas resistentes a temperaturas mais elevadas  ou à seca, que já estão nos laboratórios e irão contribuir de maneira significativa para minimizar os possíveis impactos gerados pelas mudanças climáticas.
   Muitos ignoram o fato de que os organismos geneticamente modificados  (OGM’s) são regulados por legislações específicas e que a análise de risco é feita caso a caso, ou seja, cada produto é examinado separadamente. No Brasil a regulação é de responsabilidade da Comissão Técnica Nacional de Biosegurança  (CTNBio), composta por especialistas de diversas áreas do conhecimento científico, que avalia estudos sobre a segurança dos OGM’s e recomenda ou não sua aprovação comercial. Há de se levar em consideração que as principais academias de ciências do mundo e instituições como a FAO e a Organização Mundial da Saúde (OMS) se preocupam com a segurança alimentar dos alimentos produzidos a partir de plantas transgênicas e fazem análises constantes de dados científicos. As conclusões são unânimes: as plantas transgênicas aprovadas são equivalentes às tradicionais. Portanto, não representam risco para  o consumidor ou meio ambiente. ( Texto escrito por LUIZ CARLOS LOUZANO, engenheiro agrônomo em São Paulo, página 2, ESPAÇO ABERTO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, quarta-feora, 20 de maio de 2015).

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