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quinta-feira, 16 de abril de 2015

QUANDO O PARANÁ DEU EXEMPLO PARA O MUNDO



    O governo de São Paulo anunciou em março, como medida de combate à crise hídrica que atravessa, a retomada do projeto de recomposição de matas ciliares no entorno de bacias hidrográficas. A meta dos paulistas é plantar, em dois anos, 6,3 milhões de mudas, restaurando assim cerca  de 4,4 mil hectares da vegetação que protegerá  os rios de erosão e assoreamento e facilitará a infiltração da água da chuva nos lençóis freáticos.
    É inevitável  ver  a preocupação de São Paulo e não lembrar do que fizemos no Paraná com o Programa Mata Ciliar, pois foi aqui que criamos o maior programa de recuperação e de recomposição de matas ciliares do mundo, reconhecido pela Secretaria de Biodiversidade da Organização das Nações Unidas(ONU), em 2008. Plantamos mais de 115 milhões de árvores nativas entre os anos de 2004 e 2010.
    No início, tínhamos o objetivo de reverter o processo histórico de degradação da cobertura florestal do Paraná, mas com o passar dos anos estabelecemos metas mais ousadas. Isso só foi possível graças ao alcance que o programa teve, à sensibilização das entidades públicas e privadas e aos agricultores, que começaram a perceber que recuperar a mata ciliar de suas propriedades era necessário para o equilíbrio ambiental e também uma garantia de produção agrícola.
   E como conseguimos fazer isso?  Produzindo e oferecendo as mudas nativas; reestruturando os 20 viveiros regionais do Instituto Ambiental do Paraná(IAP) e doando outros 422 viveiros, além de sementes e adubos aos conveniados  - prefeituras, colégios agrícolas e cooperativas, Apaes, centro de menores infratores, ONGS, entidades  públicas e privadas.
    As marcas deixadas pelo Mata Ciliar estão ainda hoje por todo o Paraná. São consequências dele os 23 mil hectares de áreas “abandonadas”para regeneração natural da mata  ciliar, o seqüestro de quase 3 milhões de toneladas de gás carbônico da atmosfera e a recuperação de mais de 5 mil nascentes.
    Os  paranaenses, sobretudo os mais envolvidos, devem ter orgulho desse feito inigualável no mundo. Há muito tempo já antevíamos a tão propalada crise hídrica e sabíamos que as nossas florestas eram responsáveis pelos nossos “rios aéreos”, pois trazem a água da chuva. Fomos vanguarda mundial, modelo para os outros estados e países em termos de recuperação florestal e de proteção dos recursos hídricos.
    É preciso ter consciência de  que não existe fábrica de água ou fórmula mágica. Basta olharmos para o símbolo da crise hídrica paulista. O Cantareira, e vermos que suas margens estão peladas, sem proteção. São Paulo só descobriu agora que floresta é sinônimo de água na torneira, coisa que o Paraná vem dizendo há mais de uma década. ( Texto escrito por RASCA RODRIGUES,engenheiro agrônomo, ex-secretário estadual do Meio Ambiente, deputado estadual (PV) e Presidente da Frente Parlamentar Ambiental ., extraído do espaço  ponto de vista, página 2, publicação do
JORNAL DE LONDSRINA, quinta-feira, 16 de abril de 2015).

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