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terça-feira, 21 de abril de 2015

PARTO NORMAL E MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA

  

   Ainda neste ano entrarão em vigor as novas normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde em conjunto com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – que regula convênios médicos - para o estímulo ao parto normal e conseqüente diminuição das cesarianas consideradas desnecessárias na saúde suplementar.
   Hoje 23,7 milhões de mulheres são beneficiárias de planos de assistência médica com atendimento obstétrico no País, sendo este o público – alvo das medidas.
   Entre as mudanças, a nova resolução determina que a mulher atendida por médicos de plano de saúde poderá solicitar e ter acesso, em até 15 dias, ao índice de partos normais e cesáreos feitos pelo profissional, hospital ou plano. Outra alteração é a obrigatoriedade das operadoras de fornecerem o cartão da gestante, de acordo com padrão definido pelo Ministério da Saúde, no qual deverá constar o registro de todo o pré-natal.
   Ainda de acordo com a resolução, as operadoras deverão orientar os obstetras para que usem o partograma – um documento gráfico em que são feitos registros do que ocorre durante o trabalho de parto. Pelas novas regras, o partograma passa a ser considerado parte integrante do processo para pagamento do procedimento.
   Antes de mais nada é importante deixar claro que o Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná (Sindmed), entidade que tem sede em Londrina e representa os profissionais de mais de 70 municípios, considera que a melhoria das condições de assistência obstétrica – como cursos de orientação para gestantes, maternidade com plantão  presencial de equipe apta a conduzir o trabalho de parto e condições  de trabalho adequadas – poderia resultar num natural aumento do parto normal, atendendo aos anseios das campanhas que existem nesse sentido. O Sindmed entende e defende que são as necessidades de cada gestante que determinam a escolha pelo  parto normal ou cesariana.
   A discussão sobre a resolução da ANS, no entanto, não se polariza apenas entre médicos e pacientes mas deve ser analisada de forma mais ampla por envolver questões centrais que exigem maior atenção das autoridades de saúde e que devem ser divulgadas e debatidas por  afetarem diretamente a assistência obstétrica na saúde suplementar. Isso inclui, preponderantemente, a verificação do equilíbrio nas relações entre operadoras do plano de saúde e a classe médica e, ainda, a necessidade de que os planos de saúde assegurem ampla cobertura às gestantes.
   Para diminuir a taxa de cesariana na rede conveniada, que chega atualmente na casa dos 80%, é preciso também criar condições adequadas nos hospitais credenciados. E isso destaca a necessidade de equipes completas trabalhado em esquema de plantão, com obstetra, anestesista, enfermeira obstétrica e pediatra, com total disponibilidade para atender a gestante – considerando que há situações de trabalho de parto que podem ultrapassar as 24 horas, sem  falar nos equipamentos necessários ao acompanhamento obstétrico. É fundamental, ainda, que os hospitais credenciados contem com uma infraestrutura suficiente para atender, e atender bem, a demanda de gestantes na rede conveniada, oferecendo às mulheres o conforto que necessitam na hora de dar à luz.
   Pensar e debater sobre tudo isso é relevante para que a implantação das novas normas de estímulo ao parto normal realmente tragam bons resultados , sem o risco de caminhar em direção oposta ao que se busca, com partos cercados de sofrimento r mulheres com medo.(Texto escrito por ALBERTO TOSHIO OBA e ANTONIO CAETANO DE PAULA são, respectivamente, presidente e vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná. Extraído da página 2, do ESPAÇO ABERTO,  publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, terça-feira, 21 de abril de 2015) 

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