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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

FAMÍLIA - DESENHO ABUSADO VIRA POÊMICA


Vídeo infantil para TV sueca exibe pênis e vagina, é visto milhões de vezes no YouTube e incentiva a  discussão sobre como e quando falar de sexo com as crianças
     Com música alegre e traço infantil, o clipe é protagonizado por genitais masculinos e femininos dançantes: os pênis com chapéu e bigode, as vaginas de tope e longos cílios. Depois de bailar sobre a tela, os personagens batizados com apelidos comuns na infância, como “pinto”  e “pepeca”, são colocados sobre as figuras estilizadas de dois corpos humanos,  o  de um homem e o de uma mulher, sinalizando à audiência a quem pertence cada um dos órgãos.
     Previsto para ir ao ar no mês que vem no Barnkanalen,  programa educativo para crianças entre três e seis anos , o vídeo divulgado na internet há poucos dias provocou celeuma  na Suécia. Na página do canal SVT no Facebook, pais e mães enfurecidos com o conteúdo duelaram com outros tantos que saudaram a iniciativa da emissora. O vídeo foi assistido quase quatro milhões de vezes no YouTube.
ANSIEDADE
     O momento de falar sobre sexo costuma causar ansiedade nos pais. De acordo com a psicóloga Lina Wainberg, a criança sinalizará quando estiver pronta. O  despertar para questões sexuais costuma ocorrer em duas fases: por volta dos quatro anos e, depois de arrefecer, retorna aos oito ou nove.
     “Os pais devem responder conforme a demanda. Geralmente, as crianças ficam satisfeitas com respostas curtas”, explica Lina.
LINGUAGEM
     É importante, segundo a mestre em sexologia, adaptar a linguagem e o  conteúdo à faixa etária, mas sempre dizendo a verdade. “ A história da cegonha é problemática. Deve-se tentar ser  o mais realista possível. De onde vêm os bebês? Da barriga da mamãe”. Se a criança quiser saber por onde eles saem, a terapeuta recomenda usar vocábulos com que todos da família se sintam à vontade.
     Celso Gutfreind , psicanalista da infância e escritor, afirma que não se deve censurar nenhum tópico, seja  sexo ou qualquer outro.  Desde cedo, a criança elabora questionamentos sobre origem da vida, violência,  morte. Uma situação corriqueira da rotina familiar, como o pai que manuseia chaves para abrir as muitas fechaduras antes de entrar em casa protegida por um sistema de alarme, já serve de exemplo para abordar a insegurança das cidades, por exemplo.
     “O ideal é estar disponível para conversar. A indagação vai aparecer, é inevitável. O pai pode falar porque está tomando todos esses cuidados, sugerir o tema, mas não sair inundando-a de explicações. Não há assuntos proibidos para uma criança pequena, apesar de nossa cultura preconizar que sim, mas é preciso respeitar o momento e o desejo da criança de querer falar sobre o tema”, adverte Gutfreind. ( LARISSA ROSO/AGÊNCIA RBS, publicado no JORNAL DE LONDRINA, quarta-feira, 21 de janeiro de 2015, pag 10)

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