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sábado, 11 de outubro de 2014

DEFORMADOR DE OPINIÃO


     Se há alguma coisa que não sou e nunca serei é “formador de opinião”. Jamais conseguirei mudar o pensamento de alguém; se aconteceu uma vez ou outra, foi por acaso, o mesmo acaso que leva um relógio parado a acertar duas vezes  por dia. Acredito mesmo que externar minhas  opiniões levam ao efeito contrário: “se eu estou pensando a mesma coisa que o reaça do Briguet, então devo estar errado”. Para convencer, eu precisaria antes ser convencido.  Falta-me esse convencimento na maioria das questões terrenas. Se não sou capaz de administrar minhas contas pessoais, com o posso querer que alguém, por minha causa, mude de opinião sobre quem deve governar o País? Se a ruína da Petrobras, os preços do supermercado,  o vexame da educação brasileira e os 60 mil assassinatos por ano não fizeram a pessoa deixar de votar na Dilma, quem sou eu para fazê-lo? Vá lá, meu amigo, vote no PT e seja feliz. Só não diga que não avisei; o departamento de reclamações não é aqui. Se eu tivesse a cultura de um José Monir Nasser, a inteligência de um Olavo de Carvalho. As informações de um Reinaldo Azevedo, as leituras de um Rodrigo Gugert, a verdade de um Paulo Francis ou o talento de um Bruno Tolentino, quem sabe pudesse sair por aí tentando mudar as pessoas. Mas sou apenas um aprendiz mirim diante dessa turma; não serviria nem de criado-mudo para eles. Melhor ficar quieto no meu canto, contando minhas  historinhas e purgando minhas angústias. Certamente meus sete leitores já conhecem a  piada do mão-de-vaca que foi publicar um anúncio de jornal sobre a morte da mulher. Ele queria gastar o mínimo e ditou apenas duas palavras: JOANA MORREU. A funcionária da funerária disse que o texto era muito pequeno; o mão-de-vaca tinha direito a mais três palavras e mesmo assim pagaria o mesmo preço mínimo. Pois ele ditou: VENDO MONZA 86. Ainda tenho um espacinho na coluna. Mas não venderei um carro nem colocarei o nome do meu candidato,  que vocês já devem saber quem é. Digo apenas: fiquem com Deus. ( Crônica escrita por PAULO BRIGUET, briguet@jornaldelondrina.com.br   WWW.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra  publicado  no  JORNAL DE LONDRINA, sexta-feira, 10 de Outubro de 2014, no espaço DIA DE CRÔNICA).

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