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sábado, 4 de outubro de 2014

CADÊ OS VAGA-LUMES?


     No último verão passei uns   dias no sítio de um amigo na região de Tamarana, quase na beira do rio Apucaraninha. Mal deu tempo de chegar ao lugar e caiu uma tromba d’água. Eta chuva abençoada , pois fazia tempo que não chovia no Norte do Paraná . Fiquei admirando a chuva, sentindo o cheiro da terra molhada, até que a dona da casa chamou, avisando que a boia já estava servida. Só de contar dá água na boca: galinha caipira  com quiabo e polenta, além de uma boa porção de alho frito.
     Depois do almoço  ficamos um tempo conversando e bebendo um gostoso café, feito no coador de pano. No final da tarde fomos pescar traíras numa das lagoas  do sítio. Pegamos o suficiente para garantir a janta, deixando bastante  peixe para a próxima pescaria. Nesse momento começava a escurecer e foi então que observei que lá não havia tanto vaga-lume como em outros tempos, apesar de estarmos num brejo, lugar preferido desses insetos.
     Aquilo me causou tristeza e preocupação. Os vaga-lumes também conhecidos por pirilampos, fizeram parte de muitas  brincadeiras  de minha infância, pois costumava colocá-los dentro de garrafas escuras para vê-los piscar à noite ou esfregava-os nas minhas roupas para que elas ficassem com  traços brilhantes. O efeito era maravilhoso, mas acho que isso hoje seria considerado um crime ambiental. Recordo ainda de ter visto, quando criança, árvores cobertas por centenas de vaga-lumes e de perseguir os fachos de luz que eles emitiam quando passavam voando perto da gente.
     Enquanto o amigo terminava  de limpar os peixes e ajeitava os apetrechos da pesca, fiquei pensando sobre aqueles bichinhos , que são parentes próximos dos besouros  e das joaninhas. Lembrei que o meu filho tinha pesquisado isso n  universidade e havia me dito que vaga - lumes são insetos alados, possuem uma enzima conhecida por luciferase e uma proteína chamada luciferina, que produz uma luz fria (bioluminescência) usada para acasalar ou para avisar o grupo que tem predadores por perto. Eles se alimentam de néctar, pólen, vegetais  e de outros insetos, mas podem estar entrando em risco de extinção devido ao desmatamento, ao uso excessivo de inseticidas na lavoura e à forte iluminação artificial das cidades.

     Estava pensativo e distante, por isso  ao reparei que o compadre já tinha colocado os peixes Np embornal  e me olhava de modo esquisito. Então perguntei: “Cido, cadê os vaga-lumes? Ele disse:  “Não sei não, mas deve de tá  piscando por aí, onde ainda resta um capão de mata. É pena, mas nos últimos  anos não  se vê mais esse bicho por aqui”. ( Texto escrito por GERSON ANTONIO MELATTI  e DANIEL FRANCISQUINI MELATTI, que são leitores da FOLHA. Extraído  do espaço DEDO DE PROSA,  da FOLHA RURAL, sábado 28 de Junho de 2014, do jornal FOLHA DE LONDRINA).  

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